Talvez você já tenha visto alguns deles nas redes sociais. O PT, já faz alguns dias, está inaugurando uma segunda fase, em sua campanha dos ricos contra os pobres. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer agora atingir os brasileiros fora da bolha petista com seu discurso na base do “nós contra eles”. E como é que o governo quer fazer isso?
Os vídeos pretensamente educativos que foram divulgados têm destaque nessa estratégia de comunicação – alguns deles gerados por ferramentas de inteligência artificial. Nessas peças, o PT quer ensinar aos brasileiros como é que funcionam os bastidores do Congresso e também criar um perfil dos bilionários brasileiros. Justamente os vilões eleitos pelo PT para explicar os desequilíbrios sociais enfrentados pelo país.
Para os roteiristas destes vídeos, os problemas brasileiros foram criados pelos ricos e pelos políticos. Há, segundo Lula, uma conivência entre essas duas forças para que o governo não consiga fazer justiça social através do aumento de impostos.
As mensagens que foram criadas para viralizar mostram encenações nas quais os bilionários confabulam, entre charutos e bebidas finas, sobre como vão prejudicar a classe trabalhadora e pagar menos impostos. Além disso, mostram um desprezo total pelos mais pobres. Para atacar o Congresso, ainda, os vídeos inventaram um personagem: Hugo Nemseimporta, um trocadilho em cima do nome do presidente da Câmara, Hugo Motta.
Este personagem diz o seguinte: “Fala, meu povo escravo do trampo. Aqui quem fala é o deputado Hugo Nem Se Importa. Agora é hora do jantar de luxo. E quem paga a conta? Vocês. Relaxa, galera. Podem comer e beber à vontade. Reembolso é pra isso mesmo, pra degustar o suor do povo.”
Com essa tática, o PT parece estar cutucando a onça com a vara curta no que diz respeito à relação com o Congresso. O presidente da Câmara não está nem um pouco satisfeito com a brincadeira que, no fundo, tenta jogar a população contra ele. Por isso, é de se esperar que em algum momento a Câmara Federal faça algum tipo de retaliação.
Não adianta o governo dizer que as peças não foram fabricadas por sua Secretaria de Comunicação. Está mais que óbvio que a produção desses vídeos tem origem na militância petista, que deseja defender o presidente Lula e estancar a recente onda de impopularidade.
A imagem que se tenta passar de bilionários ou de empresários é bastante caricata e contaminada pela visão que o marxismo tem em relação à iniciativa privada. Como se sabe, a teoria marxista foi criada no século 19, ainda na época da Revolução Industrial, na qual os capitalistas, de fato, atuaram de maneira vil e cruel.
Só que esse tempo já passou. Os empresários hoje sabem que não podem agir de maneira irresponsável, sob pena de lidar com problemas de imagem que podem levar ao cancelamento de seus negócios.
O problema da estratégia petista é que hoje cerca de 59% dos brasileiros não querem ter vínculos trabalhistas e preferem trabalhar por conta própria. Muitos desses cidadãos são empreendedores em potencial, ou seja, eles querem se tornar ricos no futuro. Quando o governo ataca os ricos, ele ataca também algo que boa parte da população quer vir a ser. Diante disso, como é que essa tática pode ajudar a melhorar a imagem do presidente Lula? Ainda não se sabe. Mas o governo, pelo jeito, prefere, neste momento, lacrar nas redes do que encontrar uma solução que resolva de fato os problemas de caixa do Executivo.
