Os Correios anunciaram um amplo plano de reestruturação que prevê o fechamento de cerca de mil agências próprias em todo o país e a implementação de programas de demissão voluntária (PDV) que podem atingir até 15 mil empregados nos próximos anos. As medidas fazem parte da estratégia da estatal para conter o avanço dos prejuízos financeiros e reduzir custos operacionais. “A gente tem 90% das despesas com perfil de despesa fixa. Isso gera uma rigidez para a gente fazer alguma correção de rota quando a dinâmica de mercado assim exige”, disse o presidente da estatal, Emmanoel Rondon.
Segundo a empresa, o encerramento das unidades representa aproximadamente 16% da rede de agências próprias e deve gerar uma economia estimada em R$ 2,1 bilhões. Atualmente, os Correios mantêm cerca de 10 mil pontos de atendimento, considerando agências próprias e unidades operadas em parceria.
O plano inclui dois programas de demissão voluntária, com a expectativa de reduzir o quadro funcional em até 15 mil trabalhadores até 2027. Além disso, a companhia projeta cortes de despesas que podem chegar a R$ 5 bilhões até 2028, por meio da revisão de contratos, venda de imóveis, ajustes em benefícios e reavaliação dos planos de saúde e previdência dos empregados. “A gente vai fazer a ponderação entre resultado [financeiro das agências] e o cumprimento da universalização para a gente não ferir a universalização ao fecharmos pontos de venda da empresa”, explicou o presidente dos Correios em coletiva de imprensa, em Brasília (DF).
Para reforçar o caixa no curto prazo, os Correios informaram que contrataram um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a instituições financeiras e buscam captar outros R$ 8 bilhões para equilibrar as contas em 2026. A estatal também avalia mudanças estruturais mais profundas, incluindo a possibilidade de alteração do modelo societário a partir de 2027, com estudos sobre uma eventual abertura de capital.
A reestruturação ocorre em um cenário de forte deterioração financeira. Nos nove primeiros meses de 2025, a empresa registrou déficit de R$ 6 bilhões, enquanto o patrimônio líquido ficou negativo em R$ 10,4 bilhões. A estatal atribui os resultados à queda no volume de correspondências tradicionais, ao aumento da concorrência no setor logístico e à necessidade de adaptação ao novo perfil do mercado.
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