A aproximação das eleições de 2026 começa a alterar o comportamento dos investidores e a volatilidade deve marcar o comportamento dos mercados, afirmou o gestor Salomão Menezes, da Fami Capital, em entrevista ao BM&C News. Segundo ele, o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro foi apenas uma amostra do que o mercado pode enfrentar daqui para frente.
“O cenário eleitoral traz volatilidade. A gente não estava vendo isso fazer preço, mas sexta-feira tivemos uma amostra, o mercado esperava a consolidação de Tarcísio de Freitas como nome da direita com maior competitividade eleitoral, percepção que mudou com a sinalização de Bolsonaro”, disse Menezes
Volatilidade no radar: juros altos refletem riscos acumulados e um fiscal pressionado
Outro ponto que tende a aumentar a volatilidade é a política monetária. Menezes afirma que o juro elevado no Brasil não pode ser comparado diretamente ao de outros emergentes. A taxa reflete um conjunto de fragilidades estruturais: alto endividamento público, indexação generalizada na economia, histórico de inadimplência, ruídos políticos recorrentes e baixa taxa de poupança.
“Esse juro alto é resultado direto de uma política fiscal expansionista ao longo das últimas décadas. Mesmo com a flexibilização monetária em curso nos Estados Unidos, o Brasil carrega riscos que justificam a postura mais conservadora do Banco Central”, diz
O gestor não vê espaço para corte na Selic já em janeiro. A expectativa dele é que o ciclo de afrouxamento avance de forma gradual, com a taxa podendo alcançar a faixa de 12% a 12,25% apenas no fim de 2026.
Volatilidade abre oportunidades, especialmente no pré-fixado
Apesar do cenário turbulento, Menezes avalia que a curva de juros ainda embute prêmio relevante, especialmente após a abertura recente provocada pela reação ao ambiente político. A tendência estrutural, segundo ele, ainda é de fechamento gradual.
“Quando olho o retrato maior da curva, ela continua bastante aberta. Há oportunidades, principalmente no pré-fixado”, afirma.
O gestor destaca que os títulos pré-fixados mais longos são os que oferecem maior potencial de ganho devido à convexidade, embora carreguem maior volatilidade. Ele recomenda durações entre 3,5 e 5 anos, especialmente no segmento de crédito privado, onde amortizações e cupons ajudam a suavizar oscilações.
Erros comuns ao investir em pré-fixados
Menezes alerta que, mesmo em um cenário favorável, investidores podem cometer erros que comprometem o resultado. Entre os principais:
- Entrar demasiadamente alocado, assumindo risco além do adequado;.
- Escolher durations incompatíveis com a necessidade de liquidez;
- Realizar resgates no meio do caminho, sofrendo deságio em momentos adversos da curva.
“É essencial estar confortável com o prazo. Se o fechamento esperado não ocorrer, você precisa conseguir carregar o título até o vencimento”, explica.
2026 será guiado pela volatilidade
Para Menezes, a combinação de risco fiscal, inércia inflacionária e incerteza eleitoral coloca a volatilidade como protagonista do mercado em 2026. Investidores deverão ajustar expectativas, acompanhar o comportamento da curva de juros e avaliar oportunidades com rigor técnico.
“O que vimos na última semana é só uma pequena amostra do que está por vir”, conclui.













