A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2025 segue em ritmo forte no Brasil, com empresas de diferentes setores trazendo números e movimentos estratégicos que direcionam expectativas do investidor. Além disso, a agenda da semana concentra balanços de bancos, consumo, siderurgia, telecomunicações e energia, o que tende a ampliar a sensibilidade do mercado aos sinais de margens, eficiência e geração de caixa.
Entre os destaques corporativos do dia, estão a integração logística anunciada por 3tentos em parceria com a Ipiranga, resultados consistentes da Neoenergia, rating máximo nacional concedido pela Fitch às debêntures da Sabesp, reforço de liquidez da Oncoclínicas e confirmação de JCP pela Telefônica Brasil. Por outro lado, a Azevedo e Travassos comunicou um contrato relevante com a Petrobras, enquanto o IRB Brasil RE definiu a data de divulgação de seu balanço, fatores que podem afetar percepção de risco e visibilidade de receitas futuras.
Além da temporada de balanços: integração logística da 3tentos em Vera MT
A 3tentos anunciou parceria com a Ipiranga para construir uma base de distribuição de combustíveis, integrada à usina de biodiesel localizada em Vera, no norte do Mato Grosso. A unidade tem previsão de início das operações em 2027 e capacidade estimada de 360 milhões de litros por ano. Além disso, o desenho integrado reforça eficiência logística e aproxima a companhia de um posicionamento competitivo em combustíveis renováveis, alinhado às tendências de transição energética.
Segundo Marco Saravalle, CIO da MSX, o projeto reforça a integração vertical e a eficiência logística da 3tentos no Centro-Oeste, região que já representa metade do seu faturamento. “A companhia avança como player relevante na cadeia de combustíveis renováveis, alinhando-se à tendência de transição energética e sustentabilidade.“, destaca.
Balanço: Neoenergia reporta expansão de lucro e Ebitda
A Neoenergia apresentou lucro líquido de R$ 924 milhões no trimestre, com crescimento anual de 10%. O Ebitda avançou 14% e alcançou R$ 3,38 bilhões, enquanto a receita operacional líquida somou R$ 12,9 bilhões. Nesse sentido, o resultado sugere continuidade do ciclo de expansão, sustentado por aumento de consumo, disciplina de custos e previsibilidade operacional, que segue como referência defensiva no setor elétrico.
Saravalle destaca que o resultado confirma o ciclo de expansão estável e rentável da companhia, sustentado pelo aumento de consumo, eficiência operacional e disciplina financeira. “A Neoenergia se mantém entre os nomes defensivos do setor elétrico, com previsibilidade de fluxo de caixa e distribuição de dividendos atrativos.“
Sabesp entre os destaques corporativos
A Fitch Ratings atribuiu classificação ‘AAA(bra)‘ à proposta da 37ª emissão de debêntures da Sabesp, no montante de R$ 5 bilhões, com vencimentos previstos para 2032 e 2035. Enquanto isso, os recursos serão direcionados ao refinanciamento de dívidas e ao reforço de caixa, o que contribui para alongamento de passivos e manutenção de uma estrutura financeira, considerada robusta no mercado doméstico.
“O rating reflete a solidez financeira e perfil de crédito robusto da Sabesp, mesmo em meio à discussão sobre privatização. A emissão fortalece o alongamento do passivo e confirma a percepção de baixo risco de crédito no mercado doméstico.“, destaca o estrategista.
Oncoclínicas vende títulos e IRB anuncia data de divulgação do balanço
A Oncoclínicas vendeu títulos mantidos em tesouraria que somam R$ 111,2 milhões líquidos, referentes a séries da 9ªe da 11ª emissões. Além disso, a operação reduz pressão de curto prazo sobre o caixa e preserva a capacidade de investimento em projetos e abertura de novos centros, mediante avaliação de retorno e ocupação.
O IRB Brasil RE informou que publicará os números do terceiro trimestre em 13 de novembro, após o fechamento com teleconferência marcada para o dia seguinte. O mercado acompanha indicadores de subscrição e evolução do índice, combinado em busca de sinais de estabilização operacional e recuperação de rentabilidade ao longo dos próximos trimestres.
Telefônica Brasil confirma pagamento de JCP
A Telefônica Brasil confirmou a distribuição de JCP, equivalente a R$ 0,10 por ação, com ‘data com’ em 27 de outubro e negociação ‘ex’ a partir de 28 de outubro. Enquanto isso, a companhia mantém histórico de geração recorrente de caixa e política de remuneração ao acionista, que confere previsibilidade relativa ao papel no segmento de telecomunicações.
Marco Saravalle destaca que o anúncio “reforça o perfil de geração consistente de caixa e retorno previsível ao acionista, características que sustentam a atratividade da empresa como ativo de dividend yield estável dentro do setor de telecomunicações“.
Azevedo e Travassos anuncia contrato relevante com a Petrobras
A Azevedo e Travassos, por meio da controlada Heftos, firmou contrato de R$ 1,3 bilhão com a Petrobras. O projeto envolve engenharia suprimentos, construção e montagem de sistemas industriais em Itaboraí, no Rio de Janeiro com prazo estimado de execução de 40 meses. Além disso, o projeto amplia o pipeline da companhia e dá visibilidade de receitas distribuídas no tempo, mediante execução física e marcos contratuais.
O contrato reforça o pipeline de obras da companhia e sua retomada no setor de infraestrutura pesada, especialmente em projetos de alta complexidade técnica. “A parceria com a Petrobras amplia a visibilidade de receitas futuras e reforça a recuperação operacional da Azevedo & Travassos“, avalia Saravalle.
Agenda de balanços desta semana
- Terça feira, (28) – Hypera (HYPE3) e Intelbras (INTB3) após o fechamento
- Quarta feira (29) – Santander Brasil (SANB11) antes da abertura e Bradesco (BBDC4), Motiva (MOVI3), Isa Energia (ISAE4), Log (LOGG3), Kepler Weber (KEPL3), Profarma (PFRM3) e d1000 (DMVF3), após o fechamento;
- Quinta feira, (30) – Ambev (ABEV3) antes da abertura e Vale (VALE3), Telefônica Brasil (VIVT3), Multiplan (MULT3), Gerdau (GGBR4), Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e Marcopolo (POMO4), após o fechamento
- Sexta feira (31) – Irani (RANI3) antes da abertura
Com uma semana carregada de balanços e anúncios relevantes, o mercado deve reagir a cada novo dado com foco em margens resiliência operacional e visibilidade de crescimento. Além disso, indicadores de alavancagem e políticas de distribuição de proventos seguem no radar do investidor em um ambiente que recompensa previsibilidade e execução. Nesse sentido, a leitura combinada de resultados e eventos corporativos torna se determinante para identificar assimetria entre preço e valor.