O pregão desta sexta-feira (5) começa com investidores divididos entre dados importantes no exterior, a leitura mais fraca de PIB no Brasil e o aumento das apostas para as decisões de juros que serão anunciadas na Superquarta (10), quando Fed e Copom divulgam suas próximas direções de política monetária.
O dado mais aguardado sai ao meio-dia: o índice PCE de setembro, a medida de inflação preferida do Federal Reserve. O mercado projeta núcleo estável em 2,9% no acumulado de 12 meses, enquanto o índice cheio deve subir de 2,7% para 2,8%. No mesmo horário, a Universidade de Michigan publica a leitura final de confiança do consumidor, com consenso em 52 pontos, além das expectativas de inflação de 1 e 5 anos.
A depender do resultado, a precificação de corte de juros nos EUA — que já está em 87% para uma redução de 25 pontos-base na próxima quarta, segundo o CME Group — pode se transformar em praticamente unanimidade.
Na Europa, a divulgação final do PIB do 3º trimestre deve trazer ligeira revisão para baixo, de 1,5% para 1,4%, reforçando o quadro de crescimento fraco e a percepção de que a região está perto do fim do ciclo de aperto monetário.
Brasil: PIB mais fraco fortalece apostas de corte já em janeiro
Por aqui, o mercado ainda repercute o PIB do 3º trimestre, que mostrou desaceleração relevante:
- 0,1% t/t, ante 0,6% no trimestre anterior;
- Serviços recuando o ritmo de expansão de 0,3% para 0,1%;
- Revisão para baixo do PIB do 2º tri, de 0,4% para 0,3%.
A leitura dominante entre gestores e traders é de que a política monetária do Banco Central finalmente está “batendo” na atividade, abrindo espaço para iniciar cortes. Esse movimento fez a curva de juros ampliar as apostas de redução da Selic já em janeiro, com probabilidade chegando a 77%, segundo levantamento da Connex Capital.
Economistas, porém, mantêm prudância: a maior parte ainda vê o começo do ciclo apenas em março, respeitando o tom conservador das comunicações recentes de Gabriel Galípolo. A decisão dependerá do que o Copom sinalizar na próxima quarta-feira:
- Se repetir o discurso duro, março volta a ser o cenário base;
- Se der qualquer indicação de flexibilização, o mercado tende a trazer tudo de volta para janeiro.
Agenda local: IGP-DI e discussão fiscal seguem no radar
O dia também traz o IGP-DI de novembro, que deve subir 0,2%, após recuo de 0,03% em outubro. A composição deve vir mista:
- Pressão de alta: milho, soja, café e bovinos;
- Pressão de baixa: petróleo, derivados, gás natural e minério de ferro.
Mais uma leitura que indica inflação controlada, mas com algum ruído vindo das commodities agrícolas.
No fiscal, o PLDO 2026 foi aprovado e agora segue para sanção. Três pontos chamam atenção:
- Novo calendário de emendas — 65% das emendas de saúde, assistência social e “Pix” deverão ser pagas até julho de 2026, antes das eleições.
- Meta fiscal das estatais flexibilizada — exclusão de R$ 10 bilhões para acomodar despesas dos Correios.
- Ruído com o TCU — técnicos veem risco no aumento da exposição fiscal e no empréstimo de R$ 20 bilhões aos Correios, que pode recair sobre o Tesouro caso a estatal não performe.
Segundo análise de Marco Saravalle, CIO da MSX, o PLDO melhora a previsibilidade das emendas em ano eleitoral, mas adiciona ruído ao arcabouço fiscal ao flexibilizar metas para estatais. O mercado segue avaliando o equilíbrio entre corte de juros e disciplina fiscal, considerado essencial para o call de Brasil em 2026
Com todos os elementos no quadro, PIB mais fraco no Brasil, discussão fiscal aberta e probabilidade elevada de corte nos EUA, o sinal para abertura do mercado hoje tende a ser de cautela construtiva, mas altamente dependente do PCE ao meio-dia.
Um dado mais fraco pode reforçar o rally global de juros e favorecer ativos de risco, enquanto uma surpresa para cima pode reverter parte do otimismo recente.
A sexta-feira promete ser de ajustes finos nas telas até a divulgação dos números americanos.
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