A Gerdau apresentou resultados equilibrados no terceiro trimestre de 2025, refletindo um desempenho forte nas operações da América do Norte e maior pressão sobre as margens no Brasil. O lucro líquido ajustado atingiu R$ 1,09 bilhão, queda de 23,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas alta de 26,2% frente ao trimestre anterior. O resultado financeiro negativo, de R$ 223 milhões, foi menor do que os R$ 323 milhões registrados no mesmo trimestre de 2024, sinalizando melhora na eficiência de capital.
A receita líquida somou R$ 18 bilhões, avanço de 3,5% na base anual, com destaque para o aumento dos volumes embarcados e a resiliência das exportações. O EBITDA consolidado totalizou R$ 2,7 bilhões, com expansão de 6,9% em relação ao trimestre anterior e recuo de 9,2% na comparação anual. Mesmo diante do ambiente competitivo no mercado doméstico, a companhia conseguiu manter fluxo de caixa livre positivo, de R$ 1 bilhão, revertendo a queima observada no segundo trimestre.
Como se comportaram as operações da Gerdau no Brasil e nos Estados Unidos
Na divisão brasileira, a Gerdau enfrentou pressão sobre preços e margens devido à concorrência de produtos importados e à queda no preço médio realizado por tonelada. Os embarques de aço atingiram 1,58 milhão de toneladas, crescimento de 17% frente ao trimestre anterior, impulsionados pela retomada plena da operação de Ouro Branco (MG) e pelo avanço do laminador BQ2. O preço médio, no entanto, caiu para R$ 4.865 por tonelada, resultado do aumento das exportações e de um mix de vendas menos favorável.
Por outro lado, a operação na América do Norte apresentou desempenho robusto. O EBITDA da região alcançou R$ 1,8 bilhão, alta de 43% em relação ao mesmo trimestre de 2024, sustentado pela forte demanda doméstica e pela redução das importações de aço após o reforço das tarifas da Seção 232. A margem operacional chegou a 19,8%, beneficiada por ganhos de eficiência e maior diluição de custos fixos.
O que dizem os analistas sobre o desempenho da Gerdau
De acordo com o BTG Pactual, o resultado da Gerdau foi considerado razoável, com força nas operações internacionais e fraqueza no mercado interno. O banco destacou a baixa alavancagem financeira, de 0,81x dívida líquida sobre EBITDA, e a geração de caixa sólida, projetando yield anualizado de 11%. Para o BTG, o valuation segue atrativo, negociado a aproximadamente quatro vezes o EBITDA estimado para 2026, o que mantém a Gerdau como principal escolha entre as siderúrgicas da América Latina. O banco tem recomendação de compra para a companhia, com preço alvo à R$ 20.
A Genial Investimentos, por sua vez, classificou o balanço como em linha com as expectativas, ressaltando que a companhia obteve embarques e custos de produção mais eficientes do que o previsto. A casa estima continuidade da alta rentabilidade na América do Norte, sustentada por reajustes de preços e controle de oferta. Para o Brasil, a Genial prevê melhora gradual em 2026, impulsionada por reajustes no preço do aço e maior diluição de custos fixos com o aumento das exportações. A Genial reitera recomendação de compra para Gerdau, com preço alvo de R$ 21,50.
Quais fatores sustentam a visão positiva para a Gerdau?
Os analistas destacam que a Gerdau segue bem posicionada para aproveitar o ciclo de recuperação da indústria siderúrgica. A verticalização das operações, com cerca de 40% da sucata proveniente de origem própria, reduz a volatilidade dos custos e amplia a previsibilidade dos resultados. Além disso, a empresa anunciou R$ 555 milhões em dividendos, o equivalente a um rendimento de 1,5%, e segue executando seu programa de recompra de ações, que já atingiu 57 milhões de papéis até outubro.
A companhia mantém um perfil de endividamento conservador e capacidade de autofinanciamento dos projetos. O investimento em expansão somou R$ 1,7 bilhão no trimestre, com foco na modernização das plantas de Miguel Burnier, em Minas Gerais, e Midlothian, nos Estados Unidos. Apesar do guidance apertado para o restante do ano, analistas do mercado destacam a disciplina na alocação de capital e a gestão eficiente de custos como pilares da solidez da Gerdau.
Perspectivas e conclusão
Mesmo em um cenário de juros elevados e concorrência acirrada no Brasil, a Gerdau mantém indicadores financeiros saudáveis e demonstra capacidade de geração de valor em seus principais mercados. A performance consistente na América do Norte compensa a fraqueza do mercado doméstico, e o controle de custos reforça a resiliência operacional. Nesse sentido, a companhia deve continuar a entregar resultados sustentáveis, com foco em eficiência, rentabilidade e fortalecimento de caixa.
Com base nos relatórios do BTG Pactual e da Genial Investimentos, a visão do mercado para a Gerdau permanece positiva. As duas casas reiteram recomendação de compra para as ações, com preços-alvo de R$ 20 e R$ 21,50, respectivamente, sustentadas por forte geração de caixa, margens robustas e oportunidades de valorização nos próximos trimestres.
 
			



 














