O mercado segue de olho nas próximas ações fiscais do governo, em torno do anúncio de um pacote de corte de gastos. A medida, que busca conter o crescimento da dívida pública e atrair maior confiança dos investidores, mas o mercado segue cauteloso, uma vez que especialistas alertam que os valores podem ser não ser suficiente para estabilizar as contas.
Opinião Fábio Kanczuk
Em entrevista à BM&C News, o diretor de macroeconomia do ASA, Fábio Kanczuk, afirmou que o Arcabouço Fiscal vigente, focado em metas de curto prazo como o superávit de 0,25%, não aborda a real necessidade de estabilização da dívida pública. Segundo ele, o valor estimado de corte, próximo de R$ 20 bilhões, está longe de atingir o montante necessário para equilibrar o cenário fiscal a longo prazo. “Para realmente frear o aumento da dívida, o corte necessário ultrapassa os R$ 200 bilhões”, analisou Kanczuk.
Para ele, o mérito inicial do Arcabouço Fiscal foi desviar temporariamente o foco para essas metas de curto prazo, que “funcionaram” ao longo do último ano. Contudo, o economista observa que esse efeito foi temporário e o mercado agora está mais atento à trajetória da dívida em relação ao PIB, que segue em alta. “O encanto quebrou”, comentou Kanczuk, destacando que o atual modelo fiscal já não convence investidores de que a situação está sob controle.
Além de questionar o valor insuficiente dos cortes, Kanczuk ressaltou a necessidade de uma meta de superávit mais ambiciosa, sugerindo que um superávit acima de 2% do PIB seria uma forma efetiva de conter o crescimento da dívida. “A economia precisa de ajustes mais profundos para estabilizar o endividamento”, completou. Sem esses ajustes estruturais, Kanczuk acredita que o governo poderá enfrentar uma perda de credibilidade no mercado, especialmente se o novo pacote fiscal não mostrar um impacto sólido e duradouro na trajetória da dívida pública.
O programa completo vai ao ar na próxima segunda-feira (4), às 21h, nos canais 547 da Claro, 579 da Vivo, 2045 da Samsung e também na Pluto TV.
