O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira (02/12) em forte alta, avançando 1,56% e alcançando um novo recorde ao fechar aos 161.092,25 pontos. O desempenho refletiu o apetite ao risco observado nos mercados globais, em meio à expectativa por sinais mais claros sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos. Além disso, papéis ligados a commodities e setores sensíveis à curva de juros ajudaram a impulsionar o índice.
A sessão também foi marcada pela queda do dólar comercial, favorecendo empresas exportadoras e reforçando a leitura de maior fluxo estrangeiro para o mercado brasileiro. Nesse sentido, a combinação entre recuo dos rendimentos das Treasuries e expectativa de afrouxamento monetário nos EUA ajudou a sustentar o rali local, que já vinha ganhando força desde o início do quarto trimestre.
O que explica o rali do Ibovespa no pregão de hoje?
Segundo análise de Bruno Perri, economista-chefe e estrategista de investimentos da Forum Investimentos, o avanço das bolsas ocorre em parte devido à reversão da aversão ao risco observada no pregão anterior. O silêncio de Jerome Powell sobre a política monetária em evento recente foi interpretado como suficiente para que o mercado mantivesse apostas em um novo movimento de corte na taxa básica de juros dos EUA, fortalecendo ativos de risco em escala global.
Enquanto isso, as bolsas americanas operaram em alta moderada, com destaque para o índice Nasdaq, mais sensível ao comportamento das Treasuries — que recuaram ao longo do dia. Além disso, o dólar caiu com força diante do movimento de apetite ao risco global, contribuindo diretamente para o bom desempenho da Bolsa brasileira, que voltou a superar a marca dos 160 mil pontos.
Nesse sentido, o pano de fundo doméstico também desempenhou papel relevante. A Produção Industrial de outubro registrou queda de –0,5% frente ao mês anterior, desempenho pior que o esperado e que reforçou a percepção de desaceleração da atividade econômica. Por outro lado, esse quadro colaborou para o fechamento das curvas de juros no Brasil, impulsionando ainda mais o Ibovespa.
Quais setores se destacaram no pregão de hoje?
Por um lado, ações cíclicas — mais sensíveis ao crescimento econômico — tiveram ganhos relevantes, em um movimento que Perri classifica como paradoxal: mesmo com indícios de perda de ímpeto da atividade no curto prazo, o fechamento da curva de juros e o reforço das apostas de corte da Selic em janeiro favoreceram esses papéis. Empresas como Rumo (RUMO3), Localiza (RENT3), Vamos (VAMO3) e CVC (CVCB3) registraram altas significativas, seja pela sensibilidade aos juros, seja por correção após quedas recentes.
Além disso, setores como o imobiliário (Cyrela, Direcional), bens de capital (WEG, Marcopolo e Embraer), utilidades públicas (empresas de energia elétrica e saneamento, com destaque para Sabesp), e bancos (Santander, Itaú e BTG Pactual) também se recuperaram após terem sido pressionados no pregão anterior pela aversão ao risco internacional.
O Vale Day trouxe impacto para o mercado?
Sim. De acordo com Bruno Perri, o Vale Day teve repercussão majoritariamente positiva. O principal destaque foi a redução do guidance de produção, que sinalizou um planejamento menos agressivo e um CAPEX menor para os próximos anos. Enquanto isso, essa combinação reforçou a percepção de que o fluxo de caixa da companhia e a distribuição de dividendos podem se tornar mais robustos, oferecendo resiliência em um cenário externo incerto para o minério de ferro.
Quais são os próximos pontos de atenção do mercado?
Os investidores permanecem atentos aos desdobramentos da política monetária americana, especialmente às falas de dirigentes do Federal Reserve e ao comportamento das Treasuries. Por outro lado, indicadores domésticos de atividade e expectativas sobre o ritmo da Selic seguirão guiando os ajustes nas curvas de juros e, consequentemente, o desempenho dos setores mais sensíveis ao crédito.
- Ibovespa fecha aos 161.092,25 pontos
- Alta diária de 1,56%
- Dólar recua diante do apetite global ao risco
- Produção Industrial cai 0,5% em outubro
- Ações cíclicas lideram a recuperação
- Vale Day reforça expectativa de dividendos mais robustos
Nesse contexto, o mercado avalia se o movimento de alta recente é sustentável ou se a volatilidade deve aumentar conforme novos dados econômicos forem divulgados. A interação entre fatores globais e domésticos continuará ditando o ritmo dos ativos brasileiros no curto prazo.
















