O Ibovespa abriu novembro em alta e ultrapassou nesta segunda-feira (3) a marca simbólica dos 150 mil pontos, renovando máximas históricas em meio ao otimismo global com a trajetória dos juros e ao fluxo de capital estrangeiro direcionado aos emergentes.
De acordo com dados da B3, o índice chegou ao pico de 150.761 pontos no fim da manhã, impulsionado pela expectativa de corte de juros nos Estados Unidos e pela melhora no sentimento de risco no exterior.
Para o estrategista Celson Plácido, o movimento da Bolsa brasileira é puxado majoritariamente por fatores externos. “É muito mais pelo externo do que pelo interno. Quando analisamos o cenário global, há uma queda de juros não só nos Estados Unidos, mas também em outros países. Isso tem gerado um fluxo relevante para os mercados emergentes, inclusive o Brasil”, afirmou o analista em entrevista à BM&C News.
Ele ressalta que o ciclo de cortes de juros no Brasil deve ganhar força apenas em 2025, mas que a expectativa de Selic em torno de 12% ao final do próximo ano já mantém o país entre os destinos mais atrativos para o investidor internacional. “Essa combinação de queda de juros lá fora e expectativa de juros menores aqui cria um diferencial positivo. Como o juro real ainda é alto, existe espaço para entrada de capital estrangeiro e aumento da exposição à renda variável”, completou.
Investidor local ainda distante da Bolsa
Plácido também destacou que o baixo nível de participação de investidores brasileiros na renda variável deve sustentar o fluxo positivo no médio prazo. “Fundos de pensão e pessoas físicas ainda têm uma fatia pequena de investimentos em Bolsa. Isso tende a mudar à medida que a taxa de juros cai e o investidor busca diversificação. Competir com 15% ao ano é difícil, mas essa dinâmica deve se inverter aos poucos”, avaliou.
Apesar do clima otimista, o estrategista pondera que o cenário doméstico segue desafiador, com incertezas fiscais e políticas no radar. “O mercado quer ver um governo mais pragmático, como foi o Lula do primeiro mandato. Caso contrário, o risco fiscal volta ao centro do debate”, afirmou.
Rali de fim de ano antecipado?
O avanço de hoje reacendeu o debate sobre um possível rali antecipado de fim de ano. Para Plácido, o cenário ainda depende do comportamento dos juros e da inflação, mas o fluxo estrangeiro segue como principal motor. “Não dá para dizer que a Bolsa vai continuar subindo indefinidamente, mas vivemos um bom ciclo, muito mais por fatores externos do que internos. O fluxo internacional é o que sustenta o mercado neste momento”, concluiu.
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