Apesar de oferecerem vantagens fiscais e regulatórias significativas, os ETFs irlandeses ainda são pouco explorados por parte dos investidores brasileiros e globais, que continuam priorizando os ativos norte-americanos. Essa escolha, em muitos casos, revela mais apego ao “status” de Wall Street do que uma análise racional de custos e eficiência.
A primeira e mais clara diferença está no impacto tributário. ETFs irlandeses que replicam índices dos EUA sofrem apenas 15% de retenção em dividendos, graças a acordos de bitributação entre Dublin e Washington. Já o investidor que insiste em comprar ETFs diretamente listados nos EUA vê quase um terço dos dividendos evaporar em impostos, com retenção de 30%. Essa diferença, no longo prazo, pode representar milhares de dólares a menos em rentabilidade.
Outro ponto muitas vezes ignorado é a sucessão patrimonial. Enquanto quem detém ativos norte-americanos diretamente fica sujeito ao Estate Tax — um imposto sobre heranças que pode chegar a 40% para valores acima de US$ 60 mil —, os ETFs irlandeses estão livres dessa regra. Em outras palavras, a escolha pelo mercado dos EUA pode se transformar em um passivo inesperado para herdeiros.
Ainda assim, muitos investidores seguem atraídos pelo volume e pela liquidez da Bolsa de Nova York, como se esse fosse o único parâmetro relevante. É inegável que o mercado norte-americano oferece uma variedade incomparável de ETFs, com baixíssimos custos de administração e ampla liquidez. Mas, quando se pesa eficiência fiscal e segurança jurídica, os sediados Irlanda entrega um pacote mais completo, especialmente para quem investe fora dos EUA.
“Vantagem do ETF irlandês é a parte tributária, como a maioria não tem pagamento de dividendos mensais, o investidor economiza no IR que paga no mesmo ETF nos EUA ao receber esses dividendos” explica o especialista Alexandre Cabral , Economista e professor de Renda Fixa Nacional e Internacional.
Outro fator que deveria ser mais valorizado é a classificação UCITS dos ETFs irlandeses, que garante padrões elevados de governança, transparência e proteção ao investidor. Trata-se de um selo reconhecido mundialmente e cada vez mais procurado por investidores institucionais.
O contraste é claro: enquanto o mercado já reconhece a eficiência dos fundos irlandeses, muitos investidores individuais ainda permanecem presos a hábitos antigos, pagando mais impostos do que deveriam. Em um cenário de juros altos e margens apertadas, abrir mão de eficiência fiscal é quase um luxo injustificável.
Se há uma lição a ser tirada, é que investir de forma global não significa apenas acessar Wall Street, mas sim saber escolher as estruturas que realmente preservam e multiplicam o patrimônio. Nesse jogo, os ETFs irlandeses oferecem uma vantagem concreta — que só não aproveita quem insiste em fechar os olhos para ela.
Se o objetivo é fazer o patrimônio render com inteligência e proteção, os ETFs irlandeses não apenas oferecem essas vantagens, como também se sustentam em números sólidos e estruturas comprovadas. Ignorar esse caminho é, na prática, renunciar a ganhos substanciais — uma escolha que, em tempos de volatilidade e custos crescentes, parece cada vez mais difícil de justificar.

A evolução dos ativos sob gestão (AUM) nos ETFs domiciliados na Irlanda

A Irlanda continua consolidando sua liderança como principal centro europeu para ETFs. Até o final de 2024, o país abrigava mais de 70% dos ETFs domiciliados no continente, com um volume que ultrapassou €2,07 trilhões em AUM (o valor total investido no fundo) Lexology.
- Um marco significativo aconteceu em 2023, quando o setor triplicou de tamanho nos últimos seis anos: os ativos cresceram de €362 bilhões em 2017 para €1 trilhão em 2023, com um CAGR superior a 20%
- Em meados de 2024, o AUM irlandês atingiu €1,314,7 bilhões, representando 72,5% do total europeu — com Luxemburgo logo atrás, mas significativamente menor, com apenas €335,1 bilhões Lipper Alpha Insight.
- As previsões sugerem um futuro ainda mais promissor: estima-se que os ETFs domiciliados na Irlanda atinjam €3 trilhões até 2029, sustentados por inovação contínua e políticas favoráveis ao setor
- Em 2024, a Europa como um todo registrou um crescimento de 24% no AUM, atingindo US$ 2,2 trilhões, dos quais 78% estavam concentrados em ETFs irlandeses PwC.
- O setor segue em forte expansão: fundos domiciliados na Irlanda registraram €247 bilhões em captações líquidas em 2024, consolidando sua posição dominante no mercado europeu
Lembrando que possuem facilidade de negociação pois são negociados em diversas bolsas da Europa, como a bolsa de Londres, Alemanha ou Paris, porem o acesso mais simples aos brasileiros é pelas corretoras nos EUA , já que não importa em qual bolsa você está negociando e onde esta custodiado .
 
			



 














