O avanço da nova variante da mpox, que iniciou um surto na África e se espalhou para a Europa, está deixando o mundo em alerta. As evidências iniciais indicam que essa variante é mais contagiosa e fatal que a cepa predominante em 2022. Em 14 de agosto de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a mpox como uma emergência de saúde mundial. Em resposta, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, montou um gabinete de crise e anunciou a compra de 25 mil doses de vacinas.
A nova variante da mpox gerou preocupação global devido à sua alta taxa de transmissibilidade e letalidade. A OMS, ao declarar uma emergência de saúde, busca intensificar a coordenação internacional para conter o avanço do vírus. O Brasil, por sua vez, está tomando medidas para proteger os grupos mais vulneráveis.

Como funciona a vacina contra a Mpox?
A imunização contra a mpox é feita de forma cruzada, utilizando vacinas desenvolvidas para a varíola. Esses imunizantes têm uma eficácia de 85% contra a mpox. Estudos indicam que as vacinas atuais são eficazes contra a nova variante devido à semelhança genética dos clados 1 e 2.
Salmo Raskin, especialista em genética médica molecular, ressalta que esses imunizantes podem ser aplicados tanto antes como após a exposição ao vírus. No Brasil, apenas pessoas com HIV, profissionais de laboratórios e equipes de saúde específicas recebem as doses antes da exposição. Os demais são vacinados se tiverem contato com pessoas infectadas.
Quem deve receber a vacina?
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, explica que não há necessidade de uma campanha de vacinação em larga escala para toda a população. As vacinas são seguras e eficazes, mas a quantidade disponível é limitada. Por isso, são reservadas para os grupos mais vulneráveis, que correm maior risco de desenvolver quadros graves da doença.
Os grupos prioritários para a vacinação contra a mpox podem variar de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde e a disponibilidade de doses. No entanto, geralmente incluem:
- Profissionais de saúde: Devido ao alto risco de exposição ao vírus em seu ambiente de trabalho.
- Pessoas com imunossupressão: Indivíduos com sistemas imunológicos enfraquecidos são mais suscetíveis a complicações da mpox.
- Pessoas que tiveram contato próximo com casos confirmados: Essa medida visa interromper a cadeia de transmissão do vírus.
- Homens que fazem sexo com homens: Este grupo tem sido particularmente afetado por recentes surtos de mpox, e a vacinação é considerada uma medida importante para controlar a disseminação do vírus.
Qual a importância da vacinação nesse contexto?
A vacinação desempenha um papel crucial no combate à mpox, pois:
- Reduz a gravidade da doença: A vacina pode tornar a doença mais leve, com sintomas menos intensos e menor risco de complicações.
- Diminui a transmissão: Pessoas vacinadas têm menor probabilidade de transmitir o vírus para outras pessoas.
- Protege grupos vulneráveis: A vacinação de grupos prioritários ajuda a proteger aqueles que estão mais suscetíveis à doença.
- Contribui para o controle da epidemia: A vacinação em massa é uma ferramenta essencial para controlar a disseminação da mpox e evitar a ocorrência de novos surtos.
Desafios na produção de vacinas
A Organização Mundial da Saúde tinha expectativas de que a Bavarian Nordic, fabricante da vacina Jynneos, entregasse 2,5 milhões de doses em 2024 e mais 10 milhões em 2025. No entanto, Paul Chaplin, CEO da empresa, afirmou que conseguirão fabricar apenas 2 milhões de doses em 2024 e 8 milhões no ano seguinte.
Chaplin explicou que a empresa está operando em capacidade máxima desde 2022, mas as limitações físicas das fábricas e o baixo preço de venda do imunizante tornam difícil aumentar a produção. Ele apelou para que outras entidades se envolvam na produção de vacinas para controlar a situação de forma global.
Como está a vacinação no Brasil?
A vacinação contra a mpox no Brasil começou em março de 2023, utilizando a vacina Jynneos, aprovada pela Anvisa. O foco inicial foi proteger as pessoas com maior risco de desenvolver formas graves da doença. Até o momento, aproximadamente 29 mil doses foram administradas.
Em 2024, foram registrados 709 casos de mpox no Brasil, com 16 óbitos desde 2022, sendo o mais recente em abril de 2023. É crucial seguir acompanhando e respondendo à situação para evitar uma maior disseminação do vírus.
É importante ressaltar que a vacinação não é a única medida para o controle da mpox. Outras medidas preventivas,como a higiene das mãos, o uso de preservativos e a redução do número de parceiros sexuais, também são fundamentais para prevenir a transmissão do vírus.
Para obter informações mais detalhadas sobre a vacinação contra a mpox no Brasil, consulte o site do Ministério da Saúde ou entre em contato com a sua unidade de saúde.