O Brasil subiu para a 2ª colocação no Ranking Mundial de Juros Reais da MoneYou, divulgado hoje. Com taxa de 12% ao ano e inflação projetada de 4,67% para os próximos 12 meses, o país aparece atrás apenas da Turquia (13,33%). O levantamento, que passou por ajustes metodológicos após 12 anos, utiliza a taxa de juros “a mercado” no vencimento de 12 meses à frente. De acordo com o estudo, o Brasil se destaca negativamente por combinar pressão inflacionária, desvalorização cambial e cenário fiscal instável.
Metodologia e contexto global
O cálculo dos juros reais utiliza a equação de Fischer e considera a taxa de Depósito Interbancário (DI) de 1 ano, que reflete operações reais de mercado. A metodologia foi aplicada a 40 países, com projeções de inflação e juros “a mercado” coletadas junto às autoridades econômicas locais. No contexto global, o movimento de aperto monetário perdeu força. Segundo o relatório, 40% dos países mantiveram os juros, enquanto 55% optaram por cortes. O Brasil, no entanto, foi uma das poucas economias a elevar as taxas.
Destaques do ranking
1. Turquia: 13,33% (1º lugar)
2. Brasil: 9,23% (2º lugar)
3. Rússia: 8,91% (3º lugar)
4. Colômbia: 6,46%
5. México: 5,75%
No cenário de juros nominais, o Brasil aparece em 4º lugar, atrás de Turquia (50%), Argentina (32%) e Rússia (21%).
Cenário brasileiro: inflação e política fiscal
A alta dos juros no Brasil foi influenciada por um conjunto de fatores:
- Cenário fiscal: Baixa qualidade das medidas de corte de gastos e dificuldades de comunicação do governo.
- Inflação: Alta nos alimentos e deterioração dos núcleos inflacionários.
- Desvalorização cambial: A pressão no câmbio intensificou as expectativas inflacionárias.
- A projeção da MoneYou prevê 47% de chance de alta de 75 pontos-base (bp), 43% de alta de 100 bp e 10% de 25 bp.
Para Jason Vieira, economista da MoneYou, os juros reais do Brasil poderiam ser ainda mais elevados se não fossem as pressões nas projeções de inflação atuais.
