Os acionistas da Americanas aprovaram, em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada nesta quarta-feira (12), o início de ações de responsabilidade civil contra ex-diretores acusados de participação na fraude contábil que gerou um rombo superior a R$ 25 bilhões na companhia. O escândalo, revelado no início de 2023, levou a varejista a um processo de recuperação judicial.
Entre os executivos processados estão Miguel Gutierrez (ex-CEO da Americanas), Anna Saicali (ex-CEO da B2W, braço de e-commerce), e os ex-vice-presidentes José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles. Segundo a AGE, a ação judicial é motivada pelos prejuízos causados à companhia durante o exercício fiscal encerrado em 31 de dezembro de 2022.
Fraude contábil e crise financeira
A fraude foi caracterizada principalmente por lançamentos indevidos na conta de fornecedores, uso de contratos fictícios de verbas de propaganda cooperada (VPC) e operações financeiras conhecidas como “risco sacado”. A irregularidade colocou a empresa em uma das maiores crises financeiras de sua história, culminando em um aumento de capital em julho, quando bancos credores se tornaram sócios ao lado dos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que hoje controlam 50,01% das ações.
Opinião
Renoir Vieira, da Mentoria RV, avaliou o caso da Americanas como um crime grave que expôs as fragilidades no mercado de capitais brasileiro. Para ele, ficou evidente que a empresa foi vítima de uma fraude orquestrada por uma “quadrilha organizada”, com destaque para o ex-CEO Miguel Gutierrez, apontado como o principal responsável. Renoir enfatizou que os executivos fabricaram números para ocultar resultados ruins e inflar indicadores positivos, garantindo maiores bonificações ao longo dos anos. Embora a aprovação dos acionistas para ações judiciais seja um avanço importante, ele acredita que o ressarcimento total do prejuízo, estimado em R$ 40 bilhões, é improvável. “A recuperação parcial desses ativos pode, no entanto, ser uma medida educativa e essencial para a confiança no mercado de capitais”, concluiu.

















