Os mercados globais iniciaram a semana em leve alta, impulsionados pela melhora no tom das negociações entre Estados Unidos e China e pelo avanço das criptomoedas. O ouro segue firme em alta, enquanto o petróleo permanece estável, próximo de US$ 61 por barril. O movimento do mercado ocorre após uma sequência de quedas nos ativos de risco, que agora encontram espaço para uma recuperação moderada.
De acordo com análise da MSX Invest, o sentimento positivo reflete uma redução na aversão ao risco, beneficiando principalmente os ativos emergentes e de tecnologia. “O início da semana mostra um tom de alívio, mas ainda com volatilidade latente. Seguimos recomendando redução gradual de exposição ao petróleo e foco em empresas ligadas à tecnologia e transição energética”, destacou o CIO da MSX, Marco Saravalle.
Mercado de olho na reaproximação de EUA e China
Na sexta-feira (17), o presidente Donald Trump surpreendeu ao afirmar que a tarifa de 100% sobre produtos chineses “não era sustentável” e confirmou que pretende se reunir com o presidente Xi Jinping ainda em outubro, durante a cúpula da APEC, na Coreia do Sul. Em resposta, a China confirmou uma nova rodada de negociações comerciais já nesta semana.
Para a equipe da MSX, a sinalização de diálogo entre Washington e Pequim tende a melhorar o sentimento do mercado global, especialmente nos setores industrial e de commodities metálicas, que dependem fortemente da demanda chinesa.
China divulga dados mistos
O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 4,8% no terceiro trimestre de 2025, levemente acima das expectativas de 4,7%, mas ainda abaixo da meta anual de 5%. As vendas no varejo desaceleraram para 3%, enquanto a produção industrial avançou 6,5%, superando o consenso de 5%. O Banco Central chinês manteve as taxas de juros inalteradas pelo quinto mês consecutivo.
Segundo a MSX, os números reforçam que a economia chinesa mantém um ritmo moderado, mas com sinais de reação no setor industrial. “Os estímulos recentes começam a surtir efeito. Mantida a estabilidade monetária, o foco passa a ser o novo Plano Quinquenal 2026–2030, voltado ao avanço tecnológico”, observou Saravalle.
Avanço diplomático reduz tensão geopolítica
No campo geopolítico, Trump declarou ter “boa relação” com o presidente russo, Vladimir Putin, e afirmou acreditar em um acordo iminente com a Ucrânia, embora tenha reconhecido que a Rússia deve manter parte dos territórios ocupados. No Oriente Médio, Israel e Hamas retomaram o cessar-fogo após novos confrontos, com mediação do Egito e envolvimento diplomático dos Estados Unidos.
Apesar dos episódios pontuais de instabilidade, os esforços diplomáticos nos principais focos de tensão global diminuem o risco de escalada geopolítica, favorecendo o desempenho dos mercados nesta segunda-feira.
Mercado observa o fiscal e o risco de dívida no Brasil
O Tribunal de Contas da União (TCU) deve decidir nesta semana se o governo será obrigado a mirar o centro da meta fiscal ao definir bloqueios no Orçamento. O parecer técnico da Corte aponta que, caso o Executivo mantenha o limite inferior como referência, a dívida bruta pode alcançar 89,7% do PIB até 2035, contra 87,1% no cenário-base, uma diferença estimada em R$ 322 bilhões.
“O tema fiscal continua sensível para o mercado local. A confirmação da meta cheia seria um sinal importante de credibilidade, sobretudo diante da necessidade de conter a trajetória da dívida”, afirmou Saravalle.
Agenda econômica da semana
No Brasil, a semana é considerada esvaziada em indicadores, com destaque para o IPCA-15, que será divulgado na sexta-feira (24), e dados do setor externo. Nos Estados Unidos, o mercado acompanha o CPI de setembro, os índices PMI de outubro e o sentimento do consumidor de Michigan. A temporada de balanços corporativos também movimenta os investidores, com resultados esperados de Netflix, Tesla e Intel.
Principais destaques corporativos
- Ambipar (AMPB3): A companhia deve protocolar pedido de recuperação judicial nesta segunda-feira (20), no Rio de Janeiro, após não obter acordo com bancos credores.
- Rede D’Or (RDOR3) e Dasa (DASA3): A Rede D’Or teria desistido da fusão com a Fleury e retomado conversas para aquisição da Aliança e Dasa. As ações da Dasa devem ganhar liquidez no curto prazo, mas sem fundamentos sólidos para valorização.
- Eztec (EZTC3): As vendas líquidas subiram 6,2% no terceiro trimestre, totalizando R$ 531,9 milhões. Os lançamentos, de R$ 475 milhões em VGV, recuaram 31,6% em relação ao ano anterior. A companhia lançou novo empreendimento em São Caetano do Sul.
- Priner (PRNR3): Concluiu a aquisição de 60% da Semep Logística e Construção após aprovação do Cade. A MSX avalia que a empresa mantém boas perspectivas de margens e resultados no médio prazo.
- Braskem (BRKM5): A Camex manteve a alíquota de 20% de imposto de importação sobre resinas PE, PP e PVC até 2026, decisão vista como positiva pela MSX.
- B3 (B3SA3): Finalizou a compra de 62% da Shipay, empresa de tecnologia de pagamentos, reforçando sua estratégia de diversificação de receitas.
- Suzano (SUZB3): Emissão de panda bonds na China totalizou RMB 1,4 bilhão (US$ 196 milhões), com yields entre 4,13% e 4,55% ao ano.
- Hapvida (HAPV3): Norges Bank reduziu participação acionária para 4,99%.
- Cosan (CSAN3): Pagamento de juros sobre debêntures (CSAN15) no valor total de R$ 57,8 milhões, com vencimento nesta segunda-feira.
- Energisa (ENGI11): Investiu R$ 57,7 milhões em reforço elétrico no Pará, ampliando a estabilidade do sistema.
- Grupo Mateus (GMAT3): Inaugurou seu primeiro hipermercado no Piauí, totalizando 271 lojas em operação no país.
Perspectiva da MSX para o mercado
De acordo com Marco Saravalle, a combinação entre o alívio geopolítico e a perspectiva de diálogo comercial tende a sustentar o apetite por risco no curto prazo. No entanto, a cautela ainda predomina. “Seguimos com visão neutra para o Ibovespa no curto prazo, mas positiva no médio, desde que o governo mantenha a âncora fiscal”, afirmou o CIO.
Entre as recomendações estratégicas, a MSX destaca a importância da diversificação global, da redução de exposição a commodities energéticas e do foco em empresas com potencial de inovação e produtividade. “O investidor deve equilibrar suas carteiras com ativos de baixa correlação e acompanhar de perto a discussão fiscal no Brasil e os dados econômicos da China”, concluiu Saravalle.