Em um ambiente de juros elevados, a pergunta que pauta muitas decisões de investimento é direta: vale correr risco em ações quando o CDI entrega retornos robustos? O time de estratégia da MSX Consultoria argumenta que sim, e sustenta a tese com números recentes. A Carteira de Small Caps da casa acumula, em 2025, performance bastante superior aos principais referenciais do mercado, mostrando que a renda variável continua a ser um vetor de geração de valor para portfólios balanceados.
Nesse sentido, o debate não é entre risco e segurança de forma binária, mas sobre como combinar classes de ativos para ampliar o retorno esperado no longo prazo. Além disso, a comparação com o CDI deve levar em conta horizontes temporais adequados, já que a volatilidade das ações tende a se diluir em janelas mais longas. Por outro lado, disciplina, diversificação e análise fundamentalista tornam-se ainda mais importantes quando os juros estão altos e os custos de oportunidade aumentam.
Ações vs CDI: o que mostram os números recentes ?
Segundo a MSX, a Carteira de Small Caps acumula alta de 43,5% em 2025, frente aos 17,57% do Ibovespa e aos 9,03% do CDI no mesmo período. Enquanto isso, em janelas de 12 meses, a mesma carteira supera o CDI em 177%, indicando que não se trata de um episódio isolado, mas de consistência de estratégia. Esses resultados reforçam a premissa de que a renda variável, cuidadosamente selecionada, pode entregar prêmios relevantes mesmo em cenários desafiadores.
Além disso, a leitura correta desses dados exige contexto. Small Caps tendem a carregar maior volatilidade e sensibilidade ao ciclo doméstico. Por outro lado, quando há alavancas de crescimento micro (ganhos de eficiência, expansão de margens, novos mercados), a assimetria de retorno pode se materializar com intensidade, como evidenciam os resultados citados.
Investir em ações faz sentido com juros altos?
A resposta curta, à luz das evidências, é positiva. A lógica apontada pelos especialistas da MSX é objetiva: ações adicionam risco e volatilidade no curto prazo, mas ampliam o potencial de retorno no longo prazo, sobretudo quando há seleção criteriosa de empresas com fundamentos sólidos. Nesse sentido, a precificação em ambientes de juros elevados tende a ser mais seletiva, diferenciando companhias capazes de sustentar crescimento de lucros e geração de caixa daquelas dependentes de condições macro favoráveis.
Além disso, o cenário prospectivo importa. A possibilidade de um ciclo de queda da taxa básica de juros a partir de 2026 — considerada plausível pela MSX, pode tornar a atratividade relativa das ações ainda maior, à medida que o prêmio exigido pelos investidores se ajusta e múltiplos de mercado reflitam expectativas mais benignas para a atividade econômica. Enquanto isso, a ancoragem fiscal, a inflação e a dinâmica global seguem no radar como fatores principais para o apetite a risco.
Quais fatores explicam o desempenho superior?
Primeiro, a seleção bottom-up: identificar companhias com vantagens competitivas claras, estrutura de capital saudável, governança consistente e runway de crescimento mensurável. Segundo, a diversificação: distribuir risco entre setores e teses reduz a dependência de um único catalisador. Terceiro, a paciência tática: respeitar teses de investimento e evitar decisões reativas em períodos de volatilidade elevada.
- Fundamentos: foco em empresas com geração de caixa e vantagem competitiva sustentável.
- Diversificação: composição setorial equilibrada para suavizar riscos idiossincráticos.
- Horizonte: disciplina para atravessar ciclos e capturar o prêmio de risco das AÇÕES.
Por outro lado, a estratégia reconhece limites: nem todo ciclo favorece small caps, e drawdowns fazem parte do jogo. Nesse sentido, dimensionar a parcela em renda variável conforme o perfil e os objetivos do investidor é tão importante quanto escolher as empresas certas.
Como o investidor pode se posicionar?
Em vez de substituir integralmente o CDI, a proposta é calibrar a alocação em ações de acordo com tolerância a risco e horizonte de investimento. Além disso, convém estruturar uma carteira que una teses defensivas e cíclicas, de modo a atravessar diferentes fases do ciclo econômico. Enquanto isso, rebalanceamentos periódicos e acompanhamento de resultados trimestrais ajudam a manter a estratégia coerente com os objetivos traçados.
- Definir o objetivo e o horizonte de investimento.
- Determinar o percentual de ações compatível com o perfil de risco.
- Selecionar teses com fundamentos robustos e diversificação setorial.
- Monitorar indicadores operacionais e gatilhos de tese, evitando ruído de curto prazo.
- Rebalancear periodicamente para preservar a disciplina de portfólio.
Ao final, a conclusão converge com a evidência: sim, ações podem gerar valor acima dos ativos livres de risco, mesmo com juros elevados. A diferença está na disciplina, na curadoria das teses e no tempo de permanência. Além disso, se o ciclo de juros realmente mudar em 2026, a atratividade relativa da renda variável tende a aumentar, potencializando o papel das ações como motor de retorno na carteira do investidor.