Goiânia virou o centro de um dos debates científicos mais relevantes do ano: o AI4BIO South Summit 2025, encontro internacional que reuniu lideranças acadêmicas, científicas e institucionais de nove países para discutir o papel da Inteligência Artificial (IA) na transformação das biociências e da saúde humana. O evento, que aconteceu nos dias 6 e 7 de novembro, também marcou o lançamento oficial da AI4BIO Network — rede global de cooperação dedicada à aplicação da IA em genômica, medicina de precisão, epidemiologia e inovação biomédica.
Organizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) e do Centro de Excelência em Tecnologia e Inovação em Saúde (Ceti-Saúde), o encontro contou com parceria da Universidade de São Paulo (USP) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), além do apoio do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia. O objetivo foi consolidar o Brasil como polo estratégico no desenvolvimento e aplicação da IA voltada à saúde e às biociências.
Brasil como polo global da IA em saúde
“O AI4BIO South Summit foi um marco para o Brasil. Foi um espaço de articulação científica e estratégica. Desenhamos, de forma colaborativa, projetos que aceleram a adoção da IA em aplicações que favorecem a saúde humana e o avanço das biociências, sempre com base em dados e responsabilidade ética”, afirmou o professor Dr. Celso Camilo, docente da UFG e cofundador do CEIA-UFG.
Para o professor Dr. Helder Nakaya, coordenador geral do evento e docente da USP e do Hospital Israelita Albert Einstein, a iniciativa representou uma nova etapa na integração entre dados genéticos e inteligência computacional. “Estamos entrando em uma era em que o volume e a complexidade dos dados biológicos exigem novas abordagens. A IA é essencial para compreender padrões, prever doenças e personalizar tratamentos. O AI4BIO Network será um catalisador dessa transformação”, destacou Nakaya.
A médica e epidemiologista Cristiana Toscano, coordenadora do Ceti-Saúde UFG, reforçou o impacto prático da iniciativa. “Por meio da criação da AI4BIO Network, desenvolvemos projetos colaborativos que incluem ferramentas diagnósticas, medicina de precisão, uso de IA em análises preditivas e vigilância genômica, sempre com foco em impacto positivo para a população. É uma construção ética e sustentável, que conecta dados, conhecimento e inovação para enfrentar os desafios atuais e futuros da saúde”, afirmou.
Planejamento, cooperação e ciência aplicada
O encontro, voltado a pesquisadores convidados, teve formato colaborativo e propôs uma agenda de integração técnica e institucional nas seguintes áreas estratégicas:
- Integração de dados genômicos e ômicos com modelos de IA generativa;
- Diagnóstico e predição de câncer;
- Frameworks para medicina de precisão e saúde populacional;
- Modelos de IA para vigilância epidemiológica e identificação de marcadores de risco;
- Aplicações éticas e sustentáveis de IA em saúde pública e biotecnologia;
- Formação de capacidades locais e cooperação entre países do Sul Global.
Além de definir prioridades científicas, o AI4BIO South Summit discutiu governança, compartilhamento de dados e financiamento colaborativo, fortalecendo a construção de uma agenda internacional de IA voltada à vida e ao bem-estar humano.
Casos de aplicação: da oncologia à vigilância genômica
Na prática, o uso de IA na saúde já mostra resultados expressivos. No diagnóstico de câncer, algoritmos têm auxiliado na identificação precoce de alterações genéticas, tornando o processo mais rápido e acessível. Na vigilância epidemiológica, a IA permite comparar milhares de sequências genéticas e detectar rapidamente novas variantes de vírus, antecipando campanhas de vacinação e medidas de contenção.
Em todas as etapas, os pesquisadores reforçaram que o compromisso ético é essencial. O uso da IA em saúde segue princípios de segurança de dados, transparência e supervisão humana, respeitando normas legais e boas práticas de pesquisa e inovação.