
O Fundo Verde, um dos principais fundos multimercados do país, divulgou sua carta aos cotistas do mês de novembro com críticas à condução da política fiscal do governo de transição.
“A marcha da insensatez fiscal segue inabalada em Brasília. (…) A PEC, depois de muito teatro, está saindo do Senado com gastos de duzentos bilhões de reais fora do teto. Não há absolutamente nenhum compromisso com qualquer responsabilidade fiscal”, afirma o documento. A Verde Asset é liderada pelo gestor Luis Stuhlberger, um dos mais reconhecidos do país.
O relatório ainda critica a menção à MMT (Modern Monetary Theory) feita na PEC da Transição. “Um país com a história inflacionária do Brasil e taxas de juros de 13,75% brincar com esse tipo de argumento mostra que, definitivamente, o PT não aprendeu nada com o desastre do governo Dilma”, diz a carta.
De acordo com a equipe de gestão, mesmo em meio “à farra dos gastos”, o mundo se tornou menos inóspito para o Brasil, com queda de juros globais (a Treasury de dez anos veio de 4,05% para 3,61% em novembro), correção importante do Dólar (o US Dollar Index caiu -5,0% em novembro, maior queda em um só mês desde maio/2009) e uma alta forte do minério de ferro (+30% no mês).
“É mais uma clássica oportunidade perdida do Brasil – caso o governo eleito exibisse um mínimo de disciplina fiscal, provavelmente estaríamos vendo taxa de câmbio na casa de R$ 4,90 e taxas de juros longas em torno de 10%. Não é sempre que o contexto global vai ser tão favorável ao país”, afirma a equipe.
Em relação às posições, o fundo reduziu exposição na bolsa brasileira, e manteve a posição vendida na bolsa americana.
“Mantivemos posição comprada em inflação implícita no Brasil, adicionamos uma pequena posição aplicada em juro real, e continuamos tomados em juros na Europa, comprados em ouro e petróleo. Continuamos vendidos no Euro e comprados em Real. A posição em crédito high yield americano foi reduzida, enquanto o portfólio no Brasil permanece o mesmo”, conclui a carta.