Com a aproximação da tributação de dividendos prevista para começar em 2026, empresas brasileiras já se movimentam para antecipar o pagamento de proventos. A mudança altera um dos pilares mais atrativos da renda variável no país que é a isenção do Imposto de Renda sobre dividendos. Isso tem levado companhias com caixa robusto a reorganizar sua estratégia de distribuição.
A reforma tributária sobre a renda, em discussão avançada, prevê a cobrança de IR na fonte para dividendos distribuídos a partir de 2026. Hoje, o investidor recebe o valor integral, sem tributação. Com a mudança, especialistas avaliam que muitas empresas buscarão remunerar acionistas antes que o novo regime passe a valer, aproveitando o último ano de isenção.
Empresas com caixa forte tendem a antecipar dividendos
O movimento deve ser mais intenso entre companhias com reservas de lucro acumuladas, baixa alavancagem ou geração de caixa mais estável. Essas empresas têm mais flexibilidade para distribuir montantes adicionais ainda em 2025, evitando impactos diretos da nova tributação.
A proposta estabelece IR retido na fonte sobre dividendos, encerrando quase 30 anos de isenção. A alteração pode levar empresas, no longo prazo, a reter uma fatia maior dos lucros para reinvestimento, mas o efeito imediato deve ser o oposto: acelerar pagamentos antes de 2026. Segundo o estrategista de ações da Nomos, Max Bohm, companhias com boa saúde financeira tendem a aproveitar a reta final de 2025 para reforçar a remuneração aos acionistas. “As empresas que têm uma boa reserva de lucro, caixa confortável ou baixo nível de endividamento tendem a ser as mais inclinadas a distribuir proventos já nas próximas semanas para evitar a tributação de dividendos a partir de 2026”, afirma Bohm.
Na visão dele, esse cenário abre espaço para oportunidades de curto prazo. Bohm recomenda acompanhar empresas que, segundo sua análise, combinam fundamentos sólidos com potencial de antecipação de proventos, como EZTC3 (EZTEC), INTB3 (Intelbras), POMO4 (Marcopolo), CYRE3 (Cyrela), CEAB3 (C&A), GOAU4 (Metalúrgica Gerdau), RECV3 (PetroReconcavo), RANI3 (Irani) e TIMS3 (TIM Brasil).
Segundo Bohm, esses papéis “podem compor uma carteira interessante para quem busca dividendos mais robustos nesse período, além de serem empresas com bons fundamentos”.
Oportunidade está no timing
A expectativa é de que o volume de proventos extraordinários aumente ao longo de 2025, especialmente conforme empresas ajustam suas políticas de remuneração para evitar a futura incidência de imposto. Para o investidor, o timing passa a ser determinante.
Monitorar fatos relevantes, decisões de assembleias e atualizações das políticas de dividendos pode fazer diferença na captura dessas oportunidades. Com companhias acelerando pagamentos, o investidor encontra justamente agora um dos períodos mais favoráveis para quem busca fortalecer a carteira com dividendos antes da tributação que começa em 2026.
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