Desde 2018, MONEY REPORT organiza eventos em Nova York, na semana em que a Brazilian-American Chamber of Commerce apresenta os vencedores do prêmio “Person of the Year”. Nesta ocasião, realizamos almoços, jantares e seminários em diversos locais – e, durante a organização destes encontros, sempre percebemos que a cidade que melhor representa o espírito da livre iniciativa no mundo é dominada por inúmeras regras de funcionamento ditadas por sindicatos. Isso torna a vida de quem faz eventos bastante desafiadora. Mas o que era complicado pode ficar ainda pior: teremos um socialista mandando na meca do capitalismo a partir de 1º. de janeiro.
O democrata Zohran Mamdani, de 34 anos, foi escolhido para a prefeitura novaiorquina com uma votação razoável (50,4% dos votos válidos). Sua plataforma eleitoral é uma espécie de compilação dos “greatest hits” do populismo de esquerda: aluguéis congelados, creches subsidiadas, ônibus grátis, supermercados estatais com preços controlados e sobretaxa de fortunas. Temperando tudo isso, dois ingredientes que podem ser contraditórios. Estamos falando da religião islâmica e da cultura woke.
Muçulmano, Zohran Mamdani defendeu diversos conceitos associados ao “wokeism” durante sua campanha, com ações que incluíram participação em eventos LGBTQIA+, como festas queer e bares gays no Halloween, além de discursos públicos em defesa da inclusão de minorias. Entre os que seguem o islamismo, porém, há grande resistência à aceitação da chamada política identitária – mas há seguidores do Islã, como Mamdani, que veem na cultura woke uma forma de promover a integração de muçulmanos na sociedade ocidental.
O prefeito eleito é filiado ao grupo Socialistas Democráticos da América, fundado em 1982. Essa organização, embora atuando dentro do Partido Democrata, mantém uma agenda independente e radical e foi responsável por popularizar o socialismo entre jovens e ativistas nos Estados Unidos, em especial em Los Angeles e Nova York.
A chamada “Big Apple” é uma cidade que respira os ares do capitalismo em suas ruas (assim com o aroma onipresente da maconha, cujo consumo é liberado por lá). Ter um socialista como prefeito pode ser um problema para quem possui negócios na metrópole mais conhecida do mundo. Além disso, é a cidade na qual reside o presidente Donald Trump quando não está na Casa Branca e em Camp David. O convívio forçado entre Trump e Mamdani pode elevar a temperatura da polarização política nos Estados Unidos.
As propostas do novo prefeito, embora embaladas por um discurso de justiça social, carregam o peso de uma ideologia que historicamente falha em gerar prosperidade sustentável. A tentativa de aplicar soluções estatizantes em um dos maiores centros financeiros do mundo pode comprometer a vitalidade econômica local e afastar investimentos estratégicos.
Além das implicações econômicas, Mamdani encarna uma fusão ideológica que desafia a coerência política. Ao combinar elementos do islamismo com pautas identitárias da cultura woke, ele tensiona duas visões de mundo que frequentemente se chocam.
O futuro da metrópole dependerá da capacidade de seus cidadãos e instituições de resistirem ao voluntarismo ideológico e manterem o compromisso com a liberdade, a inovação e o pluralismo real. Nova York já sobreviveu a muitas ondas políticas, mas a chegada de Mamdani impõe um teste inédito à sua resiliência. Se a meca do capitalismo sucumbir ao populismo socialista, o impacto será sentido muito além de suas fronteiras.