A União Europeia adiou a assinatura do acordo comercial com o Mercosul por falta de apoio político suficiente entre os Estados-membros. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (19) pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, após reunião com líderes do bloco em Bruxelas.
A formalização do tratado estava prevista para este sábado (20), durante a cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu (PR), mas dependia da aprovação prévia da maioria dos 27 países da União Europeia, o que não ocorreu. A assinatura do acordo deve ocorrer em janeiro.
“Entramos em contato com nossos parceiros do Mercosul e concordamos em adiar um pouco a assinatura”, afirmou von der Leyen, explicando que um pedido da Itália por mais tempo inviabilizou o avanço imediato do acordo.
Acordo Mercosul-UE: resistência política trava maioria na União Europeia
Segundo a Comissão Europeia, a ausência de maioria decorre principalmente da resistência de França e Itália, onde o setor agrícola exerce forte pressão política contra o tratado. Nos últimos dias, a França articulou apoio de outros países para postergar a assinatura, enquanto o governo italiano solicitou um prazo adicional para lidar com impasses internos.
Apesar do adiamento, von der Leyen afirmou estar confiante de que haverá apoio suficiente para aprovar o acordo nas próximas semanas.
Revés para a Comissão Europeia
O adiamento representa um revés para a Comissão Europeia, além de países como Alemanha e Espanha, que defendiam a assinatura imediata do tratado. A avaliação interna, no entanto, é de que o prazo adicional pode ajudar a construir consenso político dentro do bloco.
Impacto e escopo do acordo Mercosul-UE
O acordo entre Mercosul e União Europeia é negociado há mais de 20 anos e, se concluído, criará uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, com cerca de 722 milhões de consumidores e um PIB combinado estimado em US$ 22 trilhões.
O tratado prevê a ampliação das exportações europeias de veículos, máquinas, vinhos e bebidas alcoólicas para os países do Mercosul. Em contrapartida, o bloco sul-americano teria maior acesso ao mercado europeu para produtos como carne, açúcar, arroz, mel e soja.
Governo brasileiro avalia adiamento
No Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o adiamento pode viabilizar a conclusão do acordo, ao permitir maior acomodação política dentro da União Europeia.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter conversado com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que, segundo ele, não é contrária ao acordo, mas enfrenta dificuldades internas e pediu um prazo de até um mês para tentar convencer os agricultores italianos.













