São Paulo concentrou mais de 30% das importações brasileiras em 2024, conforme dados do Comex Stat, sistema oficial de estatísticas do comércio exterior do governo federal. A tendência se mantém em 2025, mesmo diante da oscilação cambial e da elevação dos custos logísticos. Nos produtos mais importados pelo estado e pelo país, os destaques são óleos combustíveis refinados (5,8% do total), automóveis de passageiros (3,2%) e partes e acessórios de veículos (3,1%).
Os custos logísticos continuam sendo um entrave expressivo. Levantamento da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) mostra que essas despesas chegaram a 18,4% do PIB em 2023, mais que o dobro da média global estimada pela OCDE. De acordo com Thiago Oliveira, CEO da Saygo, holding especializada em comércio exterior, câmbio e soluções tecnológicas, as empresas paulistas têm buscado alternativas para reduzir a pressão de custos em um cenário de dólar instável.
“Quando falamos que os custos logísticos já consomem 18,4% do PIB, fica claro que não é possível competir sem estratégia. O segredo não está apenas em negociar preços, mas em usar instrumentos de competitividade. Regimes como o Especial de Alagoas, que permite redução de ICMS na importação, e o Drawback, que desonera insumos destinados à exportação, são exemplos de como é possível ganhar margem em operações internacionais”, afirma o CEO.
Além disso, Oliveira ressalta que a combinação entre regimes regionais e tecnologia tem sido decisiva para empresas que querem previsibilidade no caixa. “O diferencial do Regime Especial de Alagoas é oferecer uma tributação mais leve logo na entrada do produto, o que dá fôlego imediato ao importador. Já a tecnologia garante visão em tempo real da operação: do câmbio ao desembaraço. Quem utiliza sistemas integrados consegue prever custos, antecipar gargalos e tomar decisões com muito mais segurança”.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que o chamado “Custo Brasil”, que inclui burocracia, infraestrutura e carga tributária, equivale a aproximadamente 20% do PIB nacional, ou R$ 1,7 trilhão por ano. “Essa realidade exige planejamento detalhado. A estratégia correta passa por diversificação de fornecedores, proteção cambial e escolha criteriosa de regimes fiscais. Quem faz isso consegue não apenas importar mais barato, mas construir uma operação sustentável no longo prazo”, aponta Oliveira.
Para o especialista, é possível reduzir custos nas importações adotando cinco medidas:
- Aproveitar regimes fiscais como o Drawback e o Regime Especial de Alagoas para reduzir tributos.
- Planejar operações cambiais com hedge e contratos a termo para evitar surpresas do dólar.
- Mapear fornecedores alternativos e diversificar origens para reduzir a dependência de um único mercado.
- Digitalizar processos de câmbio, despacho aduaneiro e logística para evitar erros e multas.
- Estruturar contratos internacionais com cláusulas de flexibilidade em prazos e preços.
“Importar não é apenas comprar mais barato. É gerenciar riscos em cada etapa, do câmbio à logística. Quem integra tecnologia, planejamento e regimes fiscais consegue competir de verdade”, conclui Oliveira.
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