O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está hospedado no iate Iana III durante sua agenda em Belém para a COP30, em meio a questionamentos sobre o consumo de combustível da embarcação. O barco utiliza entre 120 e 150 litros de diesel por hora quando em navegação, chegando a aproximadamente 3,6 mil litros por dia, o que contrasta com as diretrizes de redução de emissões e transição energética que serão debatidas na conferência climática. A escolha do alojamento presidencial levantou dúvidas sobre os critérios técnicos e ambientais adotados pelo governo para o evento.
Por que o Iana III foi escolhido para hospedar o presidente na COP30?
A embarcação pertence a uma empresa de Manaus e foi deslocada até Belém para atender à comitiva presidencial, ficando atracada em uma base da Marinha durante os preparativos da cúpula de líderes. Segundo informações que circulam, a própria Marinha teria oferecido uma embarcação oficial para a hospedagem, mas a Presidência optou pelo barco privado por considerar que o modelo militar não atendia às necessidades operacionais da equipe. A decisão abriu espaço para questionamentos logísticos, orçamentários e energéticos, que passaram a ser cobrados por especialistas e pelo setor.
O que dizem os especialistas sobre a contradição?
A escolha da embarcação também gerou reações imediatas no meio político e entre especialistas em meio ambiente, que apontam incoerência entre o discurso climático defendido pelo governo e o impacto ambiental de manter um iate movido a diesel como hospedagem oficial durante a COP30. O episódio ganhou destaque adicional por ocorrer justamente em uma conferência cuja pauta central envolve redução de emissões, transição energética e credibilidade das metas climáticas assumidas pelos países participantes.
Pedro Rodrigues, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), avaliou que a situação evidencia um paradoxo entre a pauta ambiental e a prática adotada pelo governo no evento. “É um paradoxo. A COP discute clima, o Brasil sedia o evento, e o presidente está hospedado em um barco com um nível de consumo de diesel elevado, quando existem alternativas“. Rodrigues enfatizou que a crítica não se restringe ao padrão da embarcação, mas ao simbolismo diante de uma conferência internacional.
“Fica a sensação do ‘faça o que eu digo, não faça o que eu faço’. Não é sobre luxo, mas sobre coerência. O Pará enfrenta problemas de infraestrutura, e o presidente está em um barco com consumo elevado de diesel durante um evento que discute o meio ambiente.”
O especialista afirmou ainda que, para parte do setor, a COP tem se tornado um debate restrito a grupos já convencidos sobre o tema, o que intensifica a cobrança por alinhamento entre discurso e prática. “A COP virou um evento de convencimento entre convencidos. A hospedagem no barco acaba virando um símbolo desse debate, especialmente quando o Brasil tenta assumir protagonismo ambiental.”
Posicionamento da Presidência
A reportagem solicitou posicionamento oficial à Presidência da República sobre os critérios adotados para a escolha do Iana III, incluindo aspectos logísticos, ambientais e financeiros relacionados à hospedagem durante a COP30. Até o momento, não houve resposta, e o espaço permanece aberto para atualização assim que a manifestação for enviada.
Repercussão e próximos passos a medida que a COP30 se aproxima
A polêmica sobre o iate presidencial deve continuar em evidência nos próximos dias, especialmente conforme a COP30 avança e o Brasil tenta reforçar sua imagem de liderança global em sustentabilidade. A divergência entre discurso ambiental e prática administrativa coloca o governo sob maior escrutínio, ampliando o debate sobre coerência, transparência e responsabilidade climática. A reportagem solicitou posicionamento oficial à Presidência da República sobre os critérios adotados para a escolha do Iana III, incluindo aspectos logísticos, ambientais e financeiros relacionados à hospedagem durante a COP30. Até o momento, não houve resposta, e o espaço permanece aberto para atualização assim que a manifestação for enviada.
















