Mesmo com um ambiente doméstico marcado por apreensão fiscal, cenário eleitoral indefinido e desconfiança de investidores locais, o capital estrangeiro vem sustentando uma onda de otimismo na bolsa brasileira. A avaliação é do economista Alex André, que destaca o fluxo internacional como principal força por trás da recente valorização do mercado acionário nacional.
“É difícil explicar como a bolsa está próxima de patamares recordes num cenário de governo gastador e irresponsável do ponto de vista fiscal. Mesmo assim, o investidor estrangeiro colocou R$ 20 bilhões na bolsa”, afirmou o economista em entrevista à BM&C News.
Fluxo estrangeiro cresce com perda de força do dólar e dívida dos EUA em alta
Segundo Alex, o enfraquecimento do dólar diante do cenário fiscal nos Estados Unidos contribuiu para redirecionar recursos para mercados emergentes. A crescente dívida americana e a expectativa de corte de impostos por Donald Trump têm levantado dúvidas sobre a sustentabilidade da política fiscal nos EUA, o que faz investidores buscarem alternativas com potencial de valorização.
“A dívida americana pode atingir entre 30 e 40 trilhões de dólares nos próximos anos. Isso afeta o protagonismo do dólar e abre espaço para mercados como o Brasil”, explica Alex.
Além disso, a queda nos rendimentos das Treasuries e o esgotamento do ciclo de alta nas bolsas americanas fazem o capital global migrar para ativos mais baratos — caso das ações brasileiras, que ficaram para trás nos últimos anos.
Bull market no Brasil? Investidor estrangeiro já aposta no novo ciclo
Na visão de Alex, o mercado começa a precificar um novo ciclo de valorização. Embora o investidor local ainda esteja retraído, o estrangeiro já antecipa uma potencial virada no cenário macroeconômico.
“O investidor pessoa física está no menor patamar dos últimos oito ou dez anos. Quem está puxando a bolsa hoje é o investidor estrangeiro”, afirmou.
Fatores como o possível fim do ciclo de alta da Selic, o encarecimento do crédito com o IOF, e até mesmo uma expectativa de mudança política em 2026 entram no radar dos investidores como gatilhos para um bull market.
“O mercado já olha uma oxigenação do poder. Com a queda de juros e uma desaceleração contratada da economia, o investidor antecipa esse movimento”, pontua.
Cenário interno ainda traz riscos, mas estrangeiro mantém otimismo com Brasil
Apesar do otimismo externo, Alex reconhece os riscos internos, como a instabilidade política e a falta de coordenação fiscal.
“Temos um governo negacionista econômico que não vê problemas. Mesmo assim, o fluxo vem. Isso mostra como o capital estrangeiro tem uma leitura diferente do investidor local”, destacou.
A conclusão é que, mesmo em um ambiente desafiador, o Brasil passou a ser visto como uma oportunidade de reprecificação global — especialmente para quem busca ativos descontados em meio a um ambiente internacional mais complexo.
















