O crescente estoque de precatórios não pagos pelo governo brasileiro acende um sinal de alerta no ambiente econômico.
“O governo ensaia um discurso de responsabilidade fiscal, mas o estoque de dívidas segue crescendo. Quando olhamos para precatórios, isso fica muito claro”, afirma o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz. Atualmente, o passivo chega à casa dos R$ 300 bilhões, segundo estimativas de consultorias independentes. Em entrevista à BM&C News o especialista classificou a prática como um “confisco disfarçado””, destacando o impacto estrutural dessa dívida sobre a confiança de investidores e a saúde das empresas que prestam serviços ao poder público”.
Para o estrategista-chefe, o país “empurra uma bomba-relógio” ao adiar constantemente esses pagamentos, criando um ambiente institucional frágil. “Estamos contaminando o ambiente de negócios. Até quando o Brasil vai conseguir disfarçar esse problema?”, questionou.
Gustavo Cruz ressaltou ainda que muitos brasileiros morrem sem ver o dinheiro devidos por desapropriações, indenizações e serviços prestados aos governos. “Isso não deixa de ser um confisco. É o direito da pessoa, é o dinheiro dela, mas o governo empurra para frente”, disse. “As pessoas esperam por décadas. É uma leve experiência de comunismo aqui no Brasil, ao desrespeitar contratos.”
Além do drama humano, há reflexos diretos no setor produtivo. “São empresas que quebram porque imaginam que vão prestar serviço para o governo e não recebem”, alertou o comentarista. Segundo ele, o problema é exclusivamente brasileiro: “Nos Estados Unidos e na Europa, os precatórios existem, mas são pagos em um ou dois anos. Em alguns casos, antes mesmo do acordo final ser assinado.”
Em um cenário fiscal já pressionado, a omissão diante dessa dívida crescente mina a credibilidade das contas públicas. Para Cruz, “o Brasil discute mais gastos, mas não honra nem os passados. Isso desrespeita regras básicas do capitalismo”.
A proximidade do calendário eleitoral também preocupa. O especialista teme que o tema seja ignorado nos debates políticos. “Vamos ver candidatos falando de comunismo, mas o confisco dos precatórios é justamente uma prática que se aproxima disso”, concluiu.
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