A Vale (VALE3) volta ao centro das atenções nesta quinta-feira (30), com a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025, após o fechamento do pregão. O mercado aguarda os números com otimismo moderado, diante de sinais de eficiência operacional e de um ambiente externo mais estável para o minério de ferro. Segundo o consenso do mercado, a mineradora deve registrar lucro líquido de R$ 10,94 bilhões, representando leve avanço frente ao trimestre anterior.
A expectativa é de um EBITDA ajustado de R$ 22,09 bilhões, com margem EBITDA de 41% e margem líquida de 20,3%, o que refletiria o controle de custos e a recuperação de volumes exportados. A receita líquida projetada gira em torno de R$ 53,87 bilhões, sustentada por maior demanda da China e pela estabilidade recente dos preços do minério, que têm oscilado entre US$ 95 e US$ 105 por tonelada. O resultado é considerado determinante para confirmar a trajetória de recuperação da mineradora no último trimestre do ano.
BTG Pactual mantém recomendação de compra para Vale
O BTG Pactual reforçou nesta semana sua recomendação de compra para as ações da Vale, destacando a consistência da recuperação desde março de 2024, quando havia reduzido a recomendação por conta de conflitos no conselho e interferências políticas. Desde então, a ação acumula alta de 22% em reais, impulsionada pela melhora operacional e pelos preços de minério acima das expectativas.
O banco estima um retorno de caixa de 12% para 2026 e yield entre 9% e 15%, dependendo da cotação do minério. O relatório também destaca o foco da gestão em disciplina de capital, com a redução do capex de US$ 6,5 bilhões para US$ 5,5 bilhões e avanço na diversificação para o cobre a partir de 2027. A dívida líquida projetada entre US$ 15 e 17 bilhões reforça o espaço para distribuição de dividendos, com potencial de reprecificação frente a pares australianos como Rio Tinto e BHP.
Além disso, o BTG aponta que o projeto Simandou, na África, segue como o principal risco estrutural, mas não deve comprometer a estabilidade dos preços do minério de ferro, projetados na faixa de US$ 95 a US$ 105 por tonelada. O banco projeta múltiplo EV/EBITDA de aproximadamente 4x e dividend yield potencial de até 12% em 2026, sugerindo valorização adicional das ações.
O que o último relatório de produção revelou sobre o desempenho operacional?
Antes do balanço financeiro, a Vale divulgou no dia 21 de outubro o seu Relatório de Produção e Vendas do 3T25, com números ligeiramente acima das projeções da Genial Investimentos. A produção totalizou 94,4 milhões de toneladas, superando em 0,5% as estimativas da casa e crescendo 12,9% no trimestre e 3,8% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado foi impulsionado pelo ramp-up de projetos estratégicos e pela sazonalidade favorável.
O destaque foi o Sistema Norte, especialmente o projeto S11D (PA), que atingiu 23,6 milhões de toneladas e marcou o melhor terceiro trimestre da história da operação. No Sistema Sudeste, o desempenho positivo de Brucutu e Capanema compensou parcialmente a menor produtividade em Itabira, afetada por manutenções. Já o Sistema Sul manteve ritmo sólido, com melhora em Vargem Grande e avanço do projeto VGR1.
Com base nesses dados, a Genial revisou suas estimativas e passou a projetar um EBITDA Proforma de US$ 4,3 bilhões, sustentado pela combinação de volumes mais fortes e preços melhores. A casa também elevou sua previsão de lucro líquido para US$ 2,6 bilhões, e de receita líquida para US$ 10,4 bilhões. A Genial também destacou a melhora no mix de vendas, com aumento da participação do BRBF, produto de maior valor agregado e prêmio de preço de US$ 3 por tonelada, o que deve gerar um EBITDA incremental de US$ 400 milhões por ano.
A Genial revisou também o preço de referência do minério de ferro, agora estimado em US$ 98 por tonelada no próximo trimestre de 2025, ante US$ 90 anteriormente, refletindo uma combinação de estoques equilibrados e demanda resiliente. Ainda assim, a casa alerta para riscos de oferta, principalmente com a aceleração do projeto Simandou, cujo primeiro embarque foi antecipado para novembro deste ano.
Com a elevação do preço do minério e o desempenho operacional acima do esperado, a Genial ajustou o preço-alvo para R$ 70 por ação na B3 e US$ 13,00 por ADR na NYSE, implicando upside de 15,2%. O balanço do 3T25, a ser divulgado hoje, deve confirmar a percepção de que a Vale entra em uma fase de maior previsibilidade operacional, sustentada por disciplina financeira, melhor mix de produtos e retorno consistente ao acionista.