No episódio desta semana do Money Report, na BM&C News, o apresentador Aluizio Falcão reuniu três convidados de áreas distintas para discutir como tecnologia, mobilidade e educação estão redesenhando a forma de fazer negócios e de exercer liderança no Brasil: Ana Moises, executiva do LinkedIn; Wagner Gramigna, CEO do Sem Parar Empresas; e Gabriel Kanner, empresário e fundador da escola de formação de líderes Em Busca da Verdade.
Logo na abertura, a conversa mostrou como o LinkedIn deixou de ser apenas uma plataforma de recrutamento para se tornar uma grande rede de conteúdo profissional, negócios e reputação corporativa. Ana Moises lembrou que está na empresa há quase 11 anos e acompanhou a transformação da ferramenta, do “site de vagas” para um ambiente onde se produz artigos, se faz gestão de crise, construção de marca empregadora e segmentação de comunicação altamente direcionada.
Segundo ela, a grande força da plataforma está na capacidade de falar com nichos específicos, de agronegócio a logística, passando por médicos, governo, educação e mercado financeiro. “O LinkedIn hoje é uma grande plataforma de negócios, conteúdo e oportunidade profissional”, resumiu, destacando que a qualidade do conteúdo e a autenticidade dos perfis são determinantes para o engajamento, mais do que qualquer “truque” de algoritmo.
Mobilidade e meios de pagamento: do pedágio à gestão completa de frotas
Na sequência, Wagner Gramigna detalhou a evolução do Sem Parar, que deixou de ser apenas uma tag de pedágio para se tornar um ecossistema de mobilidade e meios de pagamento. A empresa hoje oferece soluções para pessoa física e jurídica, incluindo abastecimento, estacionamento, vale-pedágio eletrônico, gestão de combustível e integração com débitos veiculares.
Wagner lembrou que a digitalização do vale-pedágio ajudou a formalizar um mercado historicamente marcado por pagamentos em dinheiro e informalidade. A automação reduz custos de operação, melhora o controle de frotas e aumenta a eficiência de caminhoneiros nas rodovias. “Nosso papel é orquestrar esse ecossistema, conectar meios de pagamento, mobilidade e gestão de custos de forma inteligente”, explicou.
A inteligência artificial já faz parte dessa transição. No Sem Parar, é usada tanto em atendimento ao cliente quanto no desenvolvimento de novos produtos e relatórios preditivos, identificando potenciais fraudes e otimizando rotas e abastecimentos. A ideia, segundo Wagner, é reduzir fricção, simplificar a jornada do usuário e agregar dados para decisões mais eficientes.
Educação e formação de líderes: filosofia aplicada ao mundo empresarial
Do lado da educação, Gabriel Kanner trouxe uma perspectiva diferente: a de quem saiu da gestão de uma grande empresa familiar no varejo para fundar um negócio voltado à formação de líderes empresariais com base em filosofia clássica. Seu projeto, Em Busca da Verdade, nasceu de encontros informais em casa e evoluiu para uma escola dedicada a temas como virtudes, liderança, ética e história das ideias.
Kanner argumenta que há uma crise de liderança e de valores nas empresas e na política, e que o mundo das ideias está acima da esfera estritamente institucional. “A política é consequência das ideias que circulam na sociedade”, comentou, defendendo que empresários e executivos resgatem referências de pensadores como Sócrates, Platão, Aristóteles e Santo Tomás de Aquino para embasar decisões, modelos de governança e cultura organizacional.
Ele também manifestou preocupação com a queda da frequência de leitura e com o uso da inteligência artificial como atalho para evitar o estudo mais profundo. Para Gabriel, a tecnologia pode ajudar, desde que venha depois da leitura e do contato direto com os livros, funcionando como ferramenta de revisão, debate e esclarecimento e não como substituto do aprendizado.
Inteligência artificial: democratização, risco de superficialidade e necessidade de repertório
Os três convidados convergiram em um ponto: a inteligência artificial é uma tecnologia poderosa, que pode democratizar o acesso à publicidade digital, facilitar o desenvolvimento de produtos e ampliar oportunidades para pequenos e médios negócios. Ao mesmo tempo, exige repertório, leitura e visão crítica para ser usada com discernimento.
Ana Moises citou o uso de IA generativa na criação e otimização de campanhas dentro do LinkedIn, permitindo que empresas menores, muitas vezes sem agência ou estrutura de marketing, produzam anúncios mais rapidamente. Wagner destacou o uso da IA para transformar dados de frotas em decisões operacionais e financeiras, criando valor concreto para clientes corporativos.
Gabriel, por outro lado, alertou para o risco de uma sociedade ainda mais superficial se a tecnologia for usada apenas como atalho. Ele defende que a IA seja integrada ao processo educacional como apoio, mas não como substituto de leitura, reflexão e formação intelectual sólida.
Redes sociais, autenticidade e impacto na vida real
Na parte final do programa, o debate girou em torno do impacto das redes sociais no comportamento das pessoas e na construção de imagem. Gabriel chamou atenção para o efeito das comparações constantes com “vidas perfeitas” exibidas em outras plataformas e insistiu que a única comparação relevante é consigo mesmo, quem se era cinco ou dez anos atrás.
Ana ressaltou que, no LinkedIn, o algoritmo privilegia conteúdo autêntico, produzido pelo próprio usuário, e não simples cópias ou reposts. Perfis que compartilham apenas conteúdo alheio, sem adicionar opinião ou análise, tendem a ter menos relevância. Autenticidade, consistência e construção de autoridade ao longo do tempo são fatores decisivos.
Ao longo de uma hora de conversa, Money Report mostrou como tecnologia, mobilidade e educação se cruzam em um mesmo eixo: o da formação de pessoas e empresas mais preparadas para um ambiente em que inteligência artificial, dados e reputação digital deixam de ser acessórios e passam a ser parte da estratégia central de negócios e de carreira.
















