O empresário Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master e um dos nomes mais conhecidos do setor financeiro nos últimos anos, foi preso pela Polícia Federal na segunda-feira (17) ao tentar embarcar em um avião particular rumo à Europa. A detenção ocorreu no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) e, segundo a PF, não há dúvidas de que ele pretendia deixar o país em meio ao avanço das investigações sobre fraudes financeiras atribuídas ao banco sob seu comando.
A prisão aconteceu poucas horas antes de o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master, ato que afastou a administração, tornou indisponíveis os bens dos controladores e suspendeu qualquer operação envolvendo a instituição, incluindo a oferta de compra anunciada pelo grupo Fictor Holding Financeira.
Trajetória e formação de Daniel Vorcaro
Nascido em 6 de outubro de 1983, em Belo Horizonte, Daniel Vorcaro tem 42 anos e formação em Economia, além de um MBA em Business/Managerial Economics pelo Ibmec. Ele faz parte de uma geração de empresários que expandiu atuação para áreas financeiras, corporativas e tecnológicas.
Vorcaro ganhou maior projeção nacional nos últimos anos, especialmente após o Banco Master firmar operações relevantes com o Banco de Brasília (BRB), banco público que adquiriu títulos de crédito emitidos pela instituição controlada por ele.
De acordo com a Polícia Federal, Vorcaro foi detido após tentar embarcar para a Europa em um jato particular. A operação que levaria à sua prisão estava originalmente prevista para terça-feira (18), mas a tentativa de saída precipitou a ação.
A defesa de Vorcaro e a assessoria do Banco Master ainda não se manifestaram.
Operação Compliance Zero: suspeita de fraudes no sistema financeiro
A prisão de Vorcaro faz parte da Operação Compliance Zero, deflagrada pela PF para investigar a emissão e negociação de títulos de crédito falsos pelo Banco Master.
Segundo as investigações:
- A instituição teria vendido CDBs com promessa de rendimentos até 40% acima da taxa básica de mercado, sem cumprir os pagamentos.
- Havia a emissão de títulos sem lastro ou com informações fraudulentas, posteriormente substituídos por outros papéis sem avaliação técnica adequada.
- A estrutura das fraudes envolveria dirigentes e colaboradores do banco.
- São investigados crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa e falsidade documental.
Ao todo, foram cumpridos sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em diversos estados. A investigação começou em 2024, após requisição do Ministério Público Federal.
Liquidação extrajudicial do Banco Master
A prisão ocorreu horas antes de o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial do Banco Master. O órgão anunciou ainda a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores.
A decisão do BC frustrou o anúncio feito pelo consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira, que havia informado interesse em adquirir o Master e realizar aporte imediato de R$ 3 bilhões com apoio de investidores dos Emirados Árabes Unidos.
Com o decreto, qualquer negociação fica suspensa e só poderia avançar dentro do regime de liquidação — e mediante aprovação do próprio BC e do Cade.
















