A temporada de balanços do 3º trimestre de 2025 ganha tração com a divulgação dos resultados de três grandes empresas. Apesar de cenários distintos, Kepler Weber, Motiva e Ambev mostraram sinais de eficiência operacional e gestão sólida em meio a um ambiente econômico mais desafiador.
A Kepler Weber (KEPL3) reportou lucro líquido de R$ 51,6 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 13,5% em relação ao mesmo período de 2024. A receita líquida somou R$ 423,3 milhões, recuo de 3,6%, e o Ebitda atingiu R$ 73,6 milhões, redução de 20,8%, com margem de 17,4%.
Mesmo com retração em relação ao desempenho excepcional de 2024, a companhia manteve rentabilidade sólida e disciplina de custos.
Segundo Marco Saravalle, estrategista-chefe da MSX Invest, o resultado “reforça a resiliência e a maturidade operacional da Kepler Weber. Houve melhora frente ao 2T25, ainda abaixo do patamar excepcional de 2024, mas com margens robustas e forte disciplina operacional”.
Na prática, a Kepler confirma sua posição de destaque no agronegócio, embora o cenário de juros altos e crédito mais restrito siga limitando o avanço de novos investimentos no setor.
Motiva: margens recordes e atenção ao endividamento

A Motiva (MOTV3) apresentou um dos balanços mais fortes da temporada, com lucro líquido ajustado de R$ 683 milhões, alta de 22% na comparação anual. A receita líquida cresceu 4,6%, alcançando R$ 3,96 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado subiu 16%, para R$ 2,54 bilhões. A margem ajustada chegou a 64%, o melhor nível histórico da companhia.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o resultado reflete uma gestão eficiente, mas exige atenção à alavancagem. “É um balanço forte, com eficiência operacional e reajustes tarifários que impulsionaram margens. A empresa conseguiu ampliar rentabilidade mesmo com endividamento em alta. A dívida líquida está em torno de R$ 32 bilhões, o que é relevante, mas o perfil é saudável, com mais da metade dos vencimentos após 2032”, avalia.
Cruz também destacou os investimentos 11% maiores e o avanço em concessões de rodovias, trilhos e aeroportos, incluindo o aditivo da Linha 4-Amarela do metrô de São Paulo, que adiciona R$ 4 bilhões em aportes e 20 anos de extensão de concessão.
Apesar da alavancagem de 3,6 vezes o Ebitda, o analista considera o resultado “sem surpresas negativas”, ressaltando o perfil previsível de um negócio que depende mais de leilões e concessões do que de ciclos de consumo.
Ambev: lucro em alta, mas volumes em queda

A Ambev (ABEV3) registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,84 bilhões no 3T25, alta de 7,4% sobre o mesmo trimestre de 2024. O Ebitda ajustado ficou praticamente estável, em R$ 7,05 bilhões, e a receita líquida caiu 5,7%, totalizando R$ 20,85 bilhões. Os volumes vendidos recuaram 5,9%, para 42,4 milhões de hectolitros.
A empresa conseguiu expandir a margem operacional para 33,9%, sustentada por eficiência produtiva e controle de custos, mesmo com a pressão do consumo e do câmbio. A estratégia de fortalecer marcas-chave e manter preços ajustados garantiu rentabilidade, mas a queda nos volumes reforça o ambiente competitivo do setor de bebidas.
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