Um estudo inédito da Fundação Getulio Vargas (FGV), elaborado a pedido da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), reforça o peso estrutural das empresas listadas na Bolsa brasileira para a economia do país. A pesquisa mostra que, apesar de representarem um grupo restrito dentro do universo empresarial, as companhias abertas concentram geração de emprego formal, pagam salários acima da média nacional e respondem por uma parcela relevante da arrecadação tributária.
De acordo com o levantamento, que analisou 270 empresas com ações negociadas na B3, essas companhias geraram cerca de R$ 2,1 trilhões em valor adicionado, o equivalente a aproximadamente 18% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O dado evidencia o papel central do mercado de capitais na formação de renda e na sustentação da atividade econômica.
Na avaliação de Pablo Cesário, presidente-executivo da Abrasca, os números ajudam a desfazer a percepção de que grandes empresas são relevantes apenas do ponto de vista financeiro. Em entrevista concedida ao portal da Agência DC News, ele afirma que “essas companhias estão no centro das cadeias produtivas, irradiando investimentos, emprego e renda para muito além de seus próprios balanços”.
Emprego formal e salários acima da média
O estudo aponta que as companhias abertas empregam cerca de 2,8 milhões de trabalhadores diretamente, com uma média superior a 10 mil funcionários por empresa. Além do volume de vagas, o diferencial está na remuneração. Em 2024, o total pago em salários somou aproximadamente R$ 344 bilhões, resultando em uma remuneração média mensal próxima de R$ 10,2 mil, quase três vezes acima da média nacional.
Segundo Cesário, esse dado reflete um padrão de produtividade e formalização que costuma acompanhar empresas listadas. “São empresas que investem mais em tecnologia, governança e capital humano. Isso se traduz em empregos mais qualificados e melhor remunerados”, afirmou na entrevista.
Arrecadação robusta e financiamento do Estado
Outro destaque do levantamento é a contribuição fiscal. As companhias analisadas recolheram cerca de R$ 640 bilhões em tributos ao longo do ano, valor que corresponde a aproximadamente 23% de toda a arrecadação corporativa do país. O montante supera, isoladamente, o orçamento anual de diversos ministérios e sustenta políticas públicas em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
Para o presidente-executivo da Abrasca, o dado revela uma assimetria no debate público. “Essas empresas são, na prática, grandes financiadoras do Estado brasileiro, mas muitas vezes aparecem apenas como alvo preferencial de aumento de carga tributária”, disse Cesário.
Mercado de capitais encolhe no Brasil
Apesar da relevância econômica, o estudo chama atenção para a redução do número de companhias abertas no país. Em pouco mais de três décadas, o total de empresas listadas na B3 caiu de 579 para pouco mais de 370, movimento que contrasta com a expansão observada em mercados como Estados Unidos e China.
Na avaliação da Abrasca, esse encolhimento está diretamente ligado ao ambiente regulatório e tributário. “O Brasil ainda não conseguiu transformar o mercado de capitais em um instrumento natural de financiamento de longo prazo. Sem isso, o crescimento fica mais caro e mais limitado”, afirmou Cesário.
Debate fiscal e risco de desestímulo ao investimento
O estudo da FGV também ganha relevância no contexto da reforma tributária e das discussões sobre aumento de impostos sobre empresas e investidores. Para a Abrasca, elevar a carga sobre companhias abertas pode gerar efeitos adversos, como redução de investimentos, menor geração de empregos qualificados e perda de competitividade do mercado brasileiro.
Segundo Cesário, “penalizar quem investe, emprega e paga impostos em escala relevante tende a enfraquecer o próprio ciclo de crescimento que o país precisa estimular”.
(Com informações da Agência DC News)
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