Com o mercado de renda variável operando próximo das máximas históricas, especialistas ouvidos pela BM&C News destacam que ainda há oportunidades relevantes na Bolsa. As recomendações para novembro combinam nomes tradicionais, as chamadas blue chips, e empresas voltadas ao mercado interno, com potencial de valorização diante da atual política monetária.
De acordo com Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, o mês deve manter foco em companhias com previsibilidade operacional e estrutura de capital sólida. “Estamos mais animados com Vale, lembrando que a mineradora está com uma estrutura de capital confortável e pode acelerar a distribuição de dividendos”, afirma o especialista.
Saravalle também cita o Itaú Unibanco (ITUB4) entre as posições preferidas. “Na nossa opinião, o Itaú deve apresentar o melhor resultado entre os grandes bancos. O Bradesco segue distante dos pares e o Santander surpreendeu positivamente, mas o Itaú ainda se destaca em rentabilidade”, observa.
Entre as estatais, Eletrobras (ELET3) é apontada como uma empresa que vem “entregando melhora contínua na geração de caixa e no lucro operacional”. Já a Vivo (VIVT3), que registrou queda após o balanço, é vista como uma oportunidade para investidores mais conservadores, com boa previsibilidade de resultados.
No setor imobiliário, Saravalle mantém exposição elevada em construtoras voltadas ao mercado doméstico, citando Eztec (EZTC3) e Cury (CURY3) entre as preferências. Além delas, Moura Dubeux (MDNE3) aparece como destaque entre as companhias de menor porte, enquanto JHSF (JHSF3) se beneficia do segmento de luxo e de receitas mais estáveis provenientes de shoppings e aeroportos.
No universo digital, o Banco Inter (INBR32) é a escolha entre as fintechs, combinando crescimento e aumento de rentabilidade.
O olhar macroeconômico e os impactos para as empresas
Para Ricardo Trevisan, CEO da Gravus Capital, o cenário de juros e incerteza fiscal exige uma postura seletiva, com foco em fundamentos e múltiplos de preço sobre lucro. “Apesar do Ibovespa estar próximo dos 150 mil pontos, ainda existem oportunidades em setores que negociam com múltiplos descontados em relação à média histórica”, explica.
No setor financeiro, Trevisan também destaca Itaú e Banco do Brasil, que operam com P/L entre 8x e 10x, considerados atrativos para o atual ambiente de juros elevados. Esses papéis, segundo ele, “tendem a se beneficiar da manutenção da Selic em patamares altos, que sustenta as margens de juros”.
Entre as exportadoras e produtoras de commodities, Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3) aparecem como destaques. Ambas negociam com múltiplos entre 6x e 9x e são beneficiadas pela demanda global e pela valorização cambial. “A política monetária seguirá sendo um fator-chave para a performance dos setores. Bancos e exportadoras se favorecem com juros altos; consumo e varejo ganham força se houver cortes na Selic”, avalia Trevisan.
Varejo e construção: aposta condicional ao Copom
Com a reunião do Copom no radar, eventuais sinais de cortes de juros podem impulsionar o setor de consumo. Para Trevisan, Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3) são papéis que podem se beneficiar da redução da taxa Selic, embora apresentem P/L mais elevados, entre 15x e 25x.
Empresas mais alavancadas ou dependentes do consumo doméstico, como algumas construtoras, ainda enfrentam margens pressionadas, mas podem apresentar surpresas positivas caso mantenham o controle de custos.
As principais ações mencionadas pelos especialistas para monitorar em novembro incluem:
- VALE3 – potencial de dividendos e múltiplos atrativos;
 - ITUB4 / ITUB3 – destaque no setor bancário;
 - ELET3 – geração de caixa crescente;
 - EZTC3 / CURY3 / MDNE3 / JHSF3 – construtoras com foco no mercado interno;
 - VIVT3 – oportunidade conservadora após correção;
 - INBR32 – aposta entre bancos digitais;
 - SUZB3 – exposição ao dólar e à demanda global;
 - LREN3 / MGLU3 – possíveis beneficiadas com cortes na Selic.
 
Em um cenário de mercado ainda influenciado pelas decisões do Copom e pela condução da política fiscal, os analistas reforçam a importância da seletividade e da diversificação nas carteiras. A combinação de empresas sólidas, com geração de caixa consistente e múltiplos atrativos, segue como principal estratégia para atravessar o período de incertezas e aproveitar eventuais janelas de valorização no fim do ano.