Segundo projeções do IPC Maps 2025, estudo que mapeia o potencial de consumo em diferentes setores da economia, os gastos das famílias brasileiras com educação devem crescer 12% até o final deste ano, atingindo R$ 266,9 bilhões. Bem acima do IPCA. Até setembro, a inflação acumulada em 12 meses foi de 5,17%. Marcos Pazzini, coordenador da pesquisa, diz que o aumento foi mais intenso nas despesas com matrículas e mensalidades, que somam R$ 211,5 bilhões e superam o crescimento dos gastos com livros e material escolar (R$ 55,4 bilhões).
Em entrevista à AGÊNCIA DC NEWS, Pazzini afirma que a alta de 12% nos gastos com educação é sustentável a curto prazo, motivada pela melhora dos rendimentos em razão da taxa de desocupação baixa em nível recorde no país (5,6% no terceiro trimestre). Mas Pazzini alerta que, sem a chegada da Reforma Tributária, há riscos. Entre os principais, destaca a instabilidade econômica que pode elevar o desemprego. “Se isso acontecer, a primeira coisa que a população faz quando se tem incerteza é cortar despesas supérfluas”, disse. “E, infelizmente, para muita gente, a educação ainda é supérflua.”
Pazzini reforça que a melhoria da condição de emprego com carteira assinada foi o que mais influenciou o aumento das despesas das famílias com educação. O motivo, segundo ele, é a segurança que a situação empregatícia gera. “E permite um investimento maior não só na educação dos filhos, mas também na própria educação do chefe da família.”
EDUCAÇÃO FINANCEIRA – O comprometimento das famílias com despesas essenciais ainda é um obstáculo para o aumento do consumo em educação entre as classes mais baixas. Na visão do coordenador do IPC Maps, medidas como redução da carga tributária sobre produtos essenciais ou mudanças no imposto de renda poderiam ampliar o poder de compra. Mesmo com a expectativa de queda na taxa de juros a partir de 2026, o impacto sobre o consumo educacional deve ser limitado. “O consumidor não tem educação financeira suficiente para saber se os juros que ele está pagando são altos ou não”, disse Pazzini.
O fato é que o crescimento do segmento reflete no ambiente empresarial. O setor de serviços de educação registrou alta de 8%, com a abertura de cerca de 70 mil novos estabelecimentos em todo o país. Desse total, 20% correspondem a empresas de pequeno porte, que atuam principalmente nas periferias urbanas com cursos livres, creches e capacitação profissional. “Isso sinaliza que são pequenas empresas que estão absorvendo esse potencial de consumo dessa população, provavelmente em periferias”, afirmou. Pazzini destaca o ensino a distância. “A população perdeu o medo dessa modalidade e reconheceu seu custo-benefício e eficiência.”
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