As vendas no comércio recuaram 0,3% na passagem de agosto para setembro. O resultado é o quinto negativo em um período de seis meses. Em agosto, o setor chegou a crescer 0,1%, mas de abril a julho, apresentou quatro quedas seguidas.

No acumulado de 12 meses, o setor acumula crescimento de 2,1%, a menor desde janeiro de 2024. Desde abril, quando o crescimento anual alcançou 3,4%, o desempenho do comércio tem mostrado trajetória decrescente.
Os dados estão na Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Vendas do comércio por setor
Em relação a setembro de 2024 houve expansão de 0,8%. No terceiro trimestre, há recuo de 0,4% ante o segundo trimestre. A pesquisa coloca o comércio brasileiro em um patamar 8,9% acima do período pré-pandemia de covid-19 (fevereiro de 2020).
Na passagem de agosto para setembro, seis dos oito setores pesquisados pelo IBGE apresentaram queda:
- Livros, jornais, revistas e papelaria: -1,6%
- Tecidos, vestuário e calçados: -1,2%
- Combustíveis e lubrificantes: -0,9%
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -0,9%
- Móveis e Eletrodomésticos: -0,5%
- Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,2%
No comércio varejista ampliado, que inclui atividades de atacado, veículos, motos, partes e peças; material de construção; e produtos alimentícios, bebidas e fumo, o indicador cresceu 0,2% de agosto para setembro e marca alta de 0,7% no acumulado de 12 meses.
Pesquisas conjunturais
A Pesquisa Mensal de Comércio é a terceira de três levantamentos conjunturais divulgados mensalmente pelo IBGE. Nos últimos dias o instituto revelou que o país apresentou que a indústria recuou 0,4% de agosto para setembro e cresce 1,5% em 12 meses. Os serviços cresceram 0,6% na passagem mensal, somando oito meses seguidos de alta. Em 12 meses, o setor que mais emprega no país avança 3,1%.
O que dizem os economistas sobre as vendas no comércio?
Para o economista Leonardo Costa, do ASA, o comportamento das vendas em setembro reforça a tendência de desaceleração do consumo ao longo do terceiro trimestre. Segundo ele, o varejo mostra perda de ritmo consistente desde abril, em linha com crédito ainda caro e sinais de arrefecimento gradual do mercado de trabalho.
Costa destaca que a queda de 0,3% no varejo restrito foi disseminada entre segmentos mais sensíveis à renda e ao financiamento, como móveis e eletrodomésticos, livros e papelaria, informática e vestuário, setores que têm oscilado com mais intensidade ao longo do ano.
“Regionalmente, o quadro também é fraco, com 15 das 27 unidades da federação registrando retração, o que indica que a perda de tração não é localizada. Com esse conjunto de dados, mantemos nossa projeção de crescimento de +0,2% para o PIB do terceiro trimestre“, destacou o economista.
Já o economista Maykon Douglas avalia que o varejo segue sendo o setor muito afetado pelo ciclo prolongado de juros elevados. Ele lembra que os segmentos mais sensíveis ao crédito até ensaiaram alguma melhora em julho e agosto, mas voltaram a recuar em setembro, acumulando, segundo seus cálculos, queda anual de 4,3%.
Para Douglas, a composição do desempenho trimestral foi negativa, com deterioração concentrada em atividades que dependem de financiamento e de maior dinamismo da renda. “Enquanto o setor de serviços mantém ritmo mais resiliente mesmo com juros altos, o varejo encerrou o terceiro trimestre com números frágeis e perspectiva limitada de recuperação no curto prazo“, avalia. Ele projeta resultados “tímidos” para o setor nos próximos meses.
*Com informações da Agência Brasil
















