O volume de vendas no varejo cresceu 0,5% em outubro, na comparação com setembro, na série com ajuste sazonal. A média móvel trimestral mostrou alta moderada de 0,1%. Frente a outubro de 2024, o setor avançou 1,1%, enquanto o acumulado do ano chegou a 1,5% e o dos últimos 12 meses marcou 1,7%. Os dados são do IBGE.
No varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças, além de material de construção, as vendas subiram 1,1% em outubro, mas registraram variação negativa de 0,3% no ano contra ano. No acumulado de 2025, o setor também recuou 0,3%, com estabilidade nos últimos 12 meses.
Economistas avaliam as vendas no varejo
O economista Maykon Douglas, o resultado de outubro foi melhor que o esperado. As altas entre os setores foram mais disseminadas, o que levou o índice de difusão a superar a média histórica no mês.
“Houve uma predominância das atividades mais sensíveis às condições de crédito, mas a base de cálculo deprimida explica boa parte desse resultado. Isso porque essa parcela do varejo teve resultados ruins há algum tempo, sobretudo na primeira metade do ano. Creio que o setor pode se sair um pouco melhor no último trimestre do ano do que foi no terceiro. No entanto, o varejo continua sendo um dos setores mais afetados pela política monetária contracionista.“, destacou.
Já Leonardo Costa, economista do ASA, o resultado de outubro confirma um varejo que opera em trajetória de acomodação, e não de aceleração.
“A melhora pontual na margem ocorre após meses de arrefecimento e reflete mais um ajuste estatístico do que uma mudança estrutural da demanda. A combinação de crédito mais caro, renda real desacelerando e confiança ainda instável tende a limitar ganhos nos próximos meses. Embora alguns segmentos mostrem recuperação gradual, como supermercados e artigos de uso pessoal, a fraqueza persistente em veículos e material de construção indica que os setores mais sensíveis ao ciclo de juros continuam pressionados. O quarto trimestre deve registrar crescimento próximo de zero, com maior probabilidade de retomada apenas quando houver sinais mais concretos de alívio monetário”, destaca Costa.
Sete dos oito setores avançaram na comparação anual
O desempenho interanual do varejo restrito mostrou crescimento em sete das oito atividades pesquisadas, indicando expansão concentrada em segmentos específicos.
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação
O grupamento de equipamentos, material para escritório, informática e comunicação registrou alta de 8,1% frente a outubro de 2024, segunda elevação consecutiva. O acumulado do ano passou a 0,4%, primeira taxa positiva desde janeiro. A perda acumulada dos últimos 12 meses diminuiu para -0,3%.
O setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria cresceu 5,7% e exerceu a maior influência positiva sobre o varejo, adicionando 0,6 ponto percentual ao resultado global de 1,1%. Foi a 32ª alta consecutiva, com acumulado de 3,7% no ano e 3,8% nos últimos 12 meses.
Móveis e eletrodomésticos
As vendas avançaram 3,5%, quarta alta seguida. O acumulado do ano ficou em 4,1%, e o dos últimos 12 meses em 4,2%. A influência no índice geral foi de 0,2 p.p., dividindo a segunda colocação com supermercados e outros artigos.
Outros artigos de uso pessoal e doméstico
O setor, que inclui lojas de departamento, óticas, joalherias e artigos esportivos, subiu 2,0%, completando sete meses de resultados positivos. O acumulado no ano é de 2,2%, e o dos últimos 12 meses de 3,1%, em meio à recuperação após a crise contábil que afetou grandes varejistas em 2023.
Livros, jornais, revistas e papelaria
Depois de queda em setembro, o setor voltou ao campo positivo, com aumento de 0,9% frente ao mesmo mês de 2024. O acumulado no ano permanece negativo em -1,4%, enquanto o dos últimos 12 meses marcou -2,4%.
Hiper e supermercados e combustíveis
O segmento de hiper e supermercados registrou 0,3% de alta, encerrando dois meses de recuo. A contribuição foi de 0,2 p.p., com acumulado de 0,8% no ano e 1,0% em 12 meses, ambos em trajetória de desaceleração desde abril.
Já o setor de combustíveis e lubrificantes mostrou estabilidade (0,0%) em outubro. Tanto o acumulado no ano quanto nos últimos 12 meses está em 0,5%.
Tecidos, vestuário e calçados foi o único setor com queda
O grupamento recuou 3,3% frente a outubro de 2024, segunda contração consecutiva, contribuindo com -0,2 p.p. para o resultado geral. O acumulado no ano desacelerou para 2,6%, e o dos últimos 12 meses para 3,2%.
Pressões no varejo ampliado
O desempenho negativo do varejo ampliado foi explicado principalmente por veículos e material de construção, ambos com retrações expressivas.
O setor de veículos caiu 4,3%, quinta queda consecutiva, e exerceu a maior influência negativa: -0,9 p.p.. O acumulado do ano está em -3,0%, enquanto o dos últimos 12 meses recuou para -1,7%, primeira taxa negativa após 28 meses de crescimento.
Material de construção e atacado
As vendas diminuíram 3,9%, quinto recuo seguido. A contribuição negativa foi de -0,3 p.p.. O acumulado no ano desacelerou para 0,1%, e o dos últimos 12 meses manteve crescimento leve de 0,6%, porém em redução desde maio.
O setor de atacado subiu 1,9%, registrando a segunda alta consecutiva após um longo período de quedas. O acumulado no ano está em -3,9%, e o dos últimos 12 meses em -4,9%, melhor resultado negativo desde outubro de 2024.











