O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou a queda de sua popularidade entre agentes do mercado financeiro, apontada por uma pesquisa recente. Em resposta, Haddad disse que o levantamento “não tem representatividade”, comparando-o a uma conversa de mesa de bar, por ter ouvido pouco mais de 100 pessoas. A reação do ministro, no entanto, foi vista como uma tentativa de desviar o foco da insatisfação crescente em relação à condução da política econômica.
Para o economista Vandyck Silveira, entrevistado pela BM&C News, o cenário pode piorar caso Haddad deixe o cargo. “Eu não sou fã do Haddad. Acho ele fraco. Mas com ele é ruim, e sem ele será muito pior”, afirmou. Segundo Silveira, a permanência do ministro ainda representa uma âncora de responsabilidade fiscal dentro de um governo cada vez mais inclinado ao aumento de gastos.
O economista demonstrou preocupação com o que poderia vir a seguir em uma eventual substituição. “Os quadros econômicos do PT vão de incompetentes para baixo. Se sair Haddad, pode vir alguém como Mercadante, que acredita em uma economia heterodoxa por pura fé, sem base técnica”, criticou.
Silveira destacou também a influência de nomes políticos do núcleo duro do governo, como Gleisi Hoffmann, e disse que, em um ambiente onde a articulação com o Congresso já é precária, perder Haddad pode significar a ruptura total com o mercado. “Ele é o único que ainda fala em equilíbrio fiscal. O restante quer gastar”, completou.
Com mais de um ano e meio restante de mandato, o futuro da política econômica brasileira pode depender da resiliência do ministro em manter seu cargo e resistir à pressão interna. Para Silveira, a esperança está em Haddad adotar uma postura mais técnica e menos submissa às falas do presidente Lula. “Não seja só o poste do governo”, concluiu.
