A economia dos Estados Unidos criou 119 mil empregos em setembro, segundo dados do Payroll, divulgados nesta quinta-feira (20) pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS). A publicação ocorreu com sete semanas de atraso, reflexo da paralisação de 43 dias do governo norte-americano, encerrada em 13 de novembro.
Os dados mostram uma recuperação em relação a agosto, quando houve perda revisada de 4 mil vagas. Apesar do avanço, a taxa de desemprego subiu de 4,3% para 4,4%, atingindo o nível mais alto em quase quatro anos.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, “não foi suficiente, por si só, para justificar a virada de sentimento”. Para ele, o Payroll apresentou sinais conflitantes e, por isso, o mercado tentava digerir o cenário ainda durante a primeira metade do pregão.
Setores avançam e recuam, segundoPayroll
O setor de saúde e assistência social foi o principal responsável pelo desempenho positivo no mês, com 57,1 mil empregos criados, correspondendo a quase metade do saldo total de setembro.
Por outro lado, houve perdas em segmentos como:
- transporte e armazém (-25,3 mil);
- serviços temporários (-15,9 mil);
- indústria (-6 mil).
A crescente adoção de ferramentas de inteligência artificial está alterando padrões de demanda por mão de obra, especialmente em atividades operacionais e funções administrativas.
Shutdown causará buracos estatísticos nos próximos meses
O relatório de setembro havia sido preparado no início de outubro, mas só foi divulgado agora, após o fim do shutdown. O BLS informou que não haverá relatório de empregos separado para outubro, pois a coleta e organização de dados foram prejudicadas durante o período de paralisação. Parte dessas informações deve ser incorporada ao relatório de novembro, previsto para 16 de dezembro.
Com isso, dirigentes do Federal Reserve não terão acesso ao relatório de novembro na reunião de política monetária marcada para 9 e 10 de dezembro.
Segundo William Castro Alves, essa lacuna cria uma situação de “blackout” econômico, aumentando a incerteza e reduzindo a capacidade do Fed de calibrar a política monetária com base em dados recentes.
Além do Payroll: Fed dividido sobre próximos passos
A ata da reunião do Federal Reserve realizada em 28 e 29 de outubro, divulgada na quarta (19), confirmou a redução da taxa básica de juros. O documento, porém, mostra que os dirigentes estão divididos sobre a possibilidade de um novo corte na reunião de dezembro.
Para o estrategista, o comunicado funcionou como um “gatilho” para um mercado já sensível. “Não houve um catalisador único que explique a reversão. O anúncio apenas ativou um nervosismo que já estava no sistema”, avaliou.
Ele destaca que o ambiente atual é marcado por forte polarização:
- Quedas aceleram movimentos de venda por receio de correção mais ampla.
- Subidas, especialmente em empresas ligadas à inteligência artificial, atraem fluxo rápido de capital devido à percepção de que o setor lidera a próxima grande transformação tecnológica.
- No campo das criptomoedas, a aversão ao risco observada nos últimos dias contribui para aumentar a instabilidade.
















