Os defensores do protecionismo acreditam que as sobretaxas impostas a produtos importados são benéficas porque estimulam o consumo de produtos nacionais e isso, logicamente, geraria empregos no mercado interno. Esse raciocínio até faz sentido, embora seja alvo de crítica por parte dos seguidores do liberalismo econômico. O que se vê, na prática, porém, é uma realidade bem diferente.
Um estudo feito pela consultoria LCA mostra que a alíquota de 20% de Imposto de Importação sobre compras internacionais de até 50 dólares não teve impacto significativo na criação de empregos na indústria nacional. No período de 12 meses após a implementação da taxa, o nível de emprego na indústria e no comércio varejista registrou crescimento de 0,9%, enquanto o avanço deste índice no total da economia brasileira foi de 3%. Portanto, esses dados indicam que o mercado de trabalho não respondeu de forma significativa a alterações pontuais na tributação.
A razão disso está nas particularidades da legislação trabalhista brasileira. Como o custo de demissão de funcionário é alto, empresários e empreendedores pensam duas vezes antes de contratar. Além disso, a economia brasileira volta e meia é assolada pelo fenômeno batizado de “voo de galinha”. Ocorre uma onda positiva que eleva as vendas de um determinado segmento, mas a expansão não se mantém, obrigando os donos de empresas a demitirem funcionários contratados no passado recente.
Nos Estados Unidos, o aumento das sobretaxas alfandegárias também não ajudou a elevar as taxas de emprego. Neste caso, inclusive, os efeitos foram contrários: entre abril e agosto, 42.000 vagas foram fechadas no setor industrial, segundo dados do National Bureau of Economic Research.
O aumento de tarifas sobre insumos importados encareceu matérias-primas essenciais, como aço, alumínio e componentes chineses, elevando o custo de produção para as empresas. Com produtos menos competitivos no mercado internacional, houve queda nas exportações de máquinas, equipamentos e suprimentos industriais. A retração nas vendas e na atividade fabril levou à redução nos quadros das empresas, tornando os cortes de vagas inevitáveis.
Além da perda de empregos, o impacto das tarifas se espalhou pelo consumo e pela renda. As importações de bens intermediários caíram US$ 14,4 bilhões entre março e julho, comprometendo a integração dos Estados Unidos às cadeias globais de fornecimento. Já países como Canadá e México, que mantiveram seus custos estáveis, ampliaram participação no mercado internacional e tomaram uma importante fatia de mercado da indústria americana.
Em um mundo cada vez mais interligado, onde a produção industrial depende de cadeias globais de fornecimento, o protecionismo se mostra uma estratégia ultrapassada. A ideia de que tarifas elevadas protegem empregos nacionais não leva em conta a complexidade da economia moderna, em que insumos, tecnologia e conhecimento circulam entre países de forma dinâmica e interdependente.
Ao encarecer componentes essenciais e reduzir a competitividade dos produtos locais, o protecionismo não apenas falha em gerar empregos, mas também contribui para sua eliminação. A queda nas exportações, o aumento dos custos de produção e a perda de espaço no mercado internacional são consequências diretas dessa política. Países que mantêm uma postura mais aberta conseguem se adaptar com mais agilidade, conquistar novos mercados e fortalecer suas indústrias.
Insistir em barreiras alfandegárias é como tentar preservar um modelo econômico que já não responde às exigências do presente. Em vez de promover crescimento, o protecionismo limita o potencial de inovação e integração. A geração de empregos sustentáveis e o fortalecimento da indústria dependem de políticas que estimulem a competitividade, a eficiência e a cooperação internacional. O futuro pertence às economias que compreendem que abrir portas é mais eficaz do que erguer muros.
 
			


 














