Com a eleição presidencial de 2026 no horizonte, o Brasil entra em um período de maior incerteza econômica, marcado por deterioração fiscal, juros elevados e ausência de uma agenda clara de ajuste. No Painel BM&C, apresentado por Paula Moraes, os economistas Roberto Dumas e Carlos Honorato avaliaram que o mercado já começa a precificar esse ambiente mais instável.
Para Roberto Dumas, não há espaço político para um ajuste fiscal consistente em ano eleitoral.
“Não vai fazer dever de casa nenhum em 2026.”, criticou o especialista.
Segundo o mestre em economia, a lógica eleitoral tende a se sobrepor a decisões estruturais, mantendo o discurso do Estado como principal indutor do crescimento, mesmo diante de sinais de esgotamento do modelo.
Dumas também chamou atenção para a ausência de uma liderança econômica capaz de ancorar expectativas.
“O mercado hoje está órfão.”, afirmou Dumas.
Na avaliação dele, sem um fiador de credibilidade, a consequência direta é a manutenção do prêmio de risco elevado, com impacto sobre a curva de juros e sobre as decisões de investimento do setor privado.
Fiscal será fator principal de 2026
Carlos Honorato reforçou que o fiscal se consolidou como a principal variável de risco no horizonte de 2026.
“O diagnóstico está dado. O tema central é o fiscal.”, afirmou Horonato.
Para Honorato, o mercado tende a se antecipar aos ciclos políticos e observa com cautela a combinação de gastos elevados, crescimento sustentado por estímulos e ausência de ganhos consistentes de produtividade.
O debate também abordou os limites do ajuste possível. Para Dumas, cortar despesas exige escolhas políticas claras, e não medidas genéricas.
“Eu escolho. Ou seja, escolha as suas brigas.”, criticou.
Na leitura do economista, propostas de cortes lineares sem diagnóstico aprofundado geram pouco efeito fiscal e ampliam o ruído político, sem resolver o problema estrutural das contas públicas.
Honorato defendeu que qualquer ajuste viável passa por reorganização e simplificação do Estado.
“Não é só cortar. É reorganizar.”, afirmou.
Políticas públicas é pedra no sapato
Segundo ele, a complexidade excessiva das políticas públicas aumenta a ineficiência, reduz a transparência e dificulta a construção de um pacto mínimo capaz de sustentar expectativas.
Outro ponto central do debate foi o risco de o ajuste ocorrer de forma desordenada, via mercado. Para Dumas, juros elevados e crédito restrito tendem a pressionar empresas e famílias.
“A bomba estoura nos juros.”, avaliou.
Na avaliação dos economistas, o cenário para 2026 combina risco externo, incerteza política e fragilidade fiscal. A ausência de uma agenda clara amplia a sensibilidade do país a choques e mantém o mercado operando de forma defensiva, à espera de definições mais concretas.

