Impulsionado por chefs renomados e talentos locais, o Catar está em uma corrida para se firmar como um destino gastronômico global. A chegada do Guia Michelin ao país oficializou essa ambição, e a primeira estrela Michelin no Catar já é uma realidade.
Como o Catar conquistou sua primeira estrela Michelin?
A honra coube ao lendário chef francês Alain Ducasse, que conquistou a primeira estrela para o país com seu restaurante IDAM, localizado no topo do Museu de Arte Islâmica. Ducasse, que acumula 21 estrelas na carreira, passou dois anos pesquisando as raízes nômades do deserto para criar um menu que funde a alta gastronomia francesa com sabores locais.

A expansão do Guia Michelin para o Oriente Médio reflete uma tendência global de valorização do turismo gastronômico, um setor que o Ministério do Turismo do Brasil também busca desenvolver. A avaliação dos inspetores é anônima e segue cinco critérios universais, garantindo um padrão de excelência mundial.
Critérios de avaliação do Guia Michelin a seguir:
Qualidade dos produtos.
Domínio das técnicas culinárias.
Harmonia de sabores.
Personalidade do chef refletida na cozinha.
Consistência ao longo do tempo.
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Quais os maiores desafios de cozinhar no deserto?
A gastronomia de alto nível no Catar enfrenta desafios únicos. No verão, com temperaturas que ultrapassam 43°C, a agricultura local se torna quase impossível, exigindo a importação da maioria dos ingredientes frescos de diversas partes do mundo.
Além do clima, as restrições culturais são um fator importante. Toda a carne servida deve ser halal, e o consumo de álcool é proibido em locais como os museus nacionais. Para contornar isso, mixologistas criam coquetéis sem álcool complexos, harmonizando com os pratos e elevando a experiência.
Desafios da alta gastronomia no Catar:
Abastecimento: Dependência de ingredientes importados devido ao clima.
Restrições Culturais: Carne halal e restrições ao álcool.
Logística: Manter o frescor dos produtos em um ambiente extremo.
Quem são os talentos locais que buscam o reconhecimento?
Enquanto chefs internacionais trazem o prestígio, talentos locais estão modernizando a culinária do deserto. O chef Muhammad Al Abdullah, conhecido como Bilams, lidera o restaurante Bil Humbar com uma proposta contemporânea, usando ingredientes nativos como a trufa branca do Catar.
Para mergulhar nos bastidores da alta gastronomia em um dos cenários mais desafiadores do mundo, selecionamos o conteúdo do canal Business Insider. No vídeo a seguir, você conhecerá a jornada de chefs renomados para conquistar a primeira estrela Michelin do Catar, enfrentando os desafios de cultivar e criar pratos luxuosos em pleno deserto:
Inspirado nos métodos tradicionais aprendidos com sua avó, o sonho de Bilams é se tornar o primeiro chef catari a conquistar uma estrela Michelin. Esse intercâmbio cultural na gastronomia é uma forma de diplomacia, uma área de interesse para o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) do Brasil ao promover a cultura nacional no exterior.
Como a gastronomia de Doha se compara à de rivais como Dubai?
Doha está em uma competição acirrada com Dubai pela identidade culinária da região, atraindo outros chefs famosos como Gordon Ramsay. A cidade investe não apenas na comida, mas também no design dos restaurantes, como o Jiwan (também de Ducasse), decorado com 4 milhões de contas Swarovski em homenagem à antiga indústria de pérolas.
Essa disputa cria um cenário fascinante, onde a tradição local e a vanguarda internacional se encontram. A tabela abaixo compara as duas principais forças que moldam a gastronomia do Catar hoje.
| Força Culinária | Chef Representante | Foco Principal |
| Prestigio Internacional | Alain Ducasse | Fusão de técnicas globais com ingredientes locais. |
| Identidade Local | Muhammad Al Abdullah | Modernização da culinária tradicional do deserto. |
| Reconhecimento | Estrela Michelin e Bib Gourmand | Busca pela primeira estrela de um chef nativo. |

