A inflação no Brasil registrou queda pelo IPCA-15, mas os núcleos inflacionários continuam acima do esperado. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, alerta que o movimento positivo não elimina riscos, sobretudo no setor de serviços, onde a demanda segue aquecida.
Segundo o especialista, a valorização do câmbio e a desaceleração de alguns preços ajudam a conter a pressão. No entanto, fatores internos, como incertezas fiscais, e externos, ligados à economia global, podem reverter a tendência e recolocar a inflação em trajetória de alta.
Qual é a perspectiva para a Selic diante da inflação?
Para Sérgio Vale, a taxa básica de juros deve iniciar um ciclo de cortes moderados entre o final de 2025 e o início de 2026. Entretanto, ele ressalta que o espaço para reduções significativas é limitado pela persistência da inflação de serviços e pela fragilidade fiscal.
Nesse sentido, mesmo que o Banco Central sinalize alívio nas taxas, a política monetária deverá permanecer restritiva para garantir a estabilidade. “Embora possamos ver quedas, não há espaço para cortes expressivos”, afirma Sérgio Vale.
Como a política fiscal impacta a inflação?
A condução da política fiscal é central no debate sobre a inflação. Segundo Sérgio Vale, déficits elevados aumentam a percepção de risco e pressionam expectativas inflacionárias. Esse ambiente dificulta a atuação do Banco Central e exige maior cuidado nas decisões de política econômica.
Além disso, medidas de expansão fiscal, em um cenário de demanda ainda aquecida, podem acentuar a pressão de preços. “A instabilidade fiscal influencia diretamente a inflação e torna a tarefa de controle ainda mais complexa”, explica o economista.
Como os investidores devem reagir ao cenário de inflação?
O atual quadro sugere cautela e diversificação de estratégias. Sérgio Vale recomenda atenção a ativos que possam se beneficiar de cortes graduais de juros, sem perder de vista a possibilidade de volatilidade.
Nesse sentido, a diversificação de portfólio é essencial. Vale sugere que investidores avaliem oportunidades em setores resilientes, que apresentam bom desempenho mesmo em ambiente de inflação persistente.
- Acompanhar de perto os núcleos de inflação, especialmente serviços.
- Monitorar decisões do Banco Central sobre a Selic.
- Observar medidas fiscais do governo e seus impactos.
- Adotar estratégias de diversificação para mitigar riscos.
Inflação recuará de forma sustentável no futuro?
Embora o recuo recente do IPCA-15 seja positivo, não há garantias de que a inflação seguirá em queda de forma contínua. A interação entre política fiscal, demanda doméstica e fatores globais pode alterar a trajetória rapidamente.
Por outro lado, a expectativa de cortes graduais da Selic pode trazer algum fôlego ao mercado. No entanto, a sustentabilidade desse movimento dependerá de disciplina fiscal e de estabilidade política. Investidores devem, portanto, manter estratégias flexíveis e acompanhar de perto os indicadores econômicos.
Em resumo, o cenário inflacionário brasileiro permanece desafiador. Apesar da queda recente, os núcleos elevados e as incertezas fiscais indicam que a vigilância deve continuar, tanto por parte dos formuladores de política econômica quanto dos investidores.
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