O Boletim Focus atravessa um ciclo de transição e consolidação econômica, com indicadores que apontam estabilidade e consistência nas projeções. A estimativa para a inflação, medida pelo IPCA, em 2025 ficou em 4,70%, sinalizando leve desaceleração frente às previsões anteriores, enquanto o PIB permanece em torno de 2,17%. Já a Selic, mantida em 15% ao ano, reflete a postura firme da política monetária diante de um contexto de preços ainda acima do centro da meta. Esse conjunto de dados mostra que a economia segue um caminho de equilíbrio, com avanços graduais, controle inflacionário e juros elevados que, embora restritivos, têm cumprido o papel de preservar a credibilidade da política econômica.
Economia entra em fase de ajuste e coordenação fiscal
O atual momento representa uma fase de ajustes que exige coordenação entre política fiscal e monetária. “O Brasil está em um ponto de transição. A inflação vem cedendo de forma gradual, o que demonstra eficácia da política de juros, mas o equilíbrio entre controle de preços e estímulo à atividade ainda demanda cuidado. A consistência das decisões de hoje é o que garantirá crescimento sustentável nos próximos anos. Manter previsibilidade, transparência e disciplina fiscal será essencial para preservar a confiança do investidor e sustentar o poder de compra das famílias”, afirma André Matos, CEO da MA7 Negócios.
Segundo ele, a manutenção da Selic em 15% representa mais do que uma resposta técnica: é um sinal de compromisso com a estabilidade que o país levou anos para reconstruir. A leitura é de que, apesar de o ambiente de juros continuar desafiador para empresas e consumidores, o controle inflacionário se consolida como base de um novo ciclo de previsibilidade e responsabilidade macroeconômica.
Cenário global reforça cautela monetária
No cenário externo, a cautela global também ajuda a explicar a postura do Banco Central brasileiro. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve mantém discurso vigilante diante de uma inflação que ainda não cedeu totalmente, enquanto a Europa enfrenta limitações estruturais de crescimento, ligadas ao custo de energia e à baixa produtividade. Esse contexto internacional gera uma pressão natural sobre os países emergentes, elevando o custo de capital e exigindo políticas econômicas consistentes para manter o fluxo de investimentos.
Nesse sentido, o Brasil aparece em posição mais confortável que a média dos pares, com reservas robustas, contas externas equilibradas e uma trajetória de responsabilidade fiscal que tem garantido previsibilidade em meio à volatilidade global. A combinação de fundamentos sólidos e prudência na política monetária mantém o país atrativo aos investidores, mesmo com um ambiente global incerto.
Disciplina e previsibilidade são pilares do crescimento
A condução responsável da política monetária e a disciplina fiscal serão decisivas para transformar a estabilidade em crescimento real. “O Brasil tem a oportunidade de construir um ciclo de prosperidade sustentado, baseado em produtividade e eficiência. A redução da inflação, aliada a um ambiente institucional mais previsível, pode abrir espaço para novos investimentos e ampliar o crédito de forma responsável. O foco deve ser manter o equilíbrio, crescer sem perder controle sobre os fundamentos, garantir previsibilidade e reforçar a credibilidade do país diante do investidor internacional. Essa é a base de uma expansão saudável, capaz de gerar emprego, atrair capital e consolidar o Brasil como um mercado maduro dentro do cenário global”, conclui Matos.