O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta terça-feira (4) uma redução da taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 15% ao ano. Em participação no COP30 Business & Finance Fórum, em São Paulo, o ministro afirmou que o atual patamar é insustentável e que a expectativa é de queda em breve. “Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar a taxa de juros, elas vão ter que cair. Não tem como sustentar 10% de juros real com inflação de 4,5%”, disse Haddad.
Segundo ele, a manutenção da Selic em níveis elevados tem impactos diretos sobre a inflação e sobre o custo da dívida pública. “Nós podemos controlar a dívida pagando menos juros. Não precisa pagar esse juro todo. Esse juro todo tem impacto, inclusive sobre a inflação”, afirmou.
Apesar do tom crítico, o ministro demonstrou otimismo com o desempenho da economia nos próximos meses. “Eu acho que nós estamos numa posição em que podemos entrar bem no ano de 2026, tranquilo. Nós podemos terminar o mandato com indicadores muito superiores em todo o mundo”, completou.
Equilíbrio fiscal e ambiente de negócios
Durante o evento, Haddad também reforçou o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas e rebateu as críticas de que o Executivo não cumprirá as metas fiscais. “Vamos entregar o melhor resultado fiscal do país em quatro anos, mesmo pagando tudo o que não se pagou de calote do governo anterior. E a impressão que se dá é que estamos vivendo uma crise fiscal. Isso é um delírio que eu preciso entender do ponto de vista psicológico, porque do ponto de vista econômico eu não consigo entender”, afirmou.
O ministro classificou as especulações sobre uma possível mudança na meta de superávit primário como infundadas. “Estão falando que vou mudar a meta desde 2023, mas eu cumpro meus objetivos”, disse.
Ele também destacou que o governo não recuará nas metas traçadas. “É isso que as pessoas precisam entender: nós não vamos recuar dos objetivos de colocar as contas em ordem, que estão desorganizadas desde 2015”, declarou.
Investimentos e reformas
Haddad aproveitou para destacar o ambiente de negócios favorável no país e os efeitos das reformas em andamento. Segundo ele, a reforma tributária tem atraído investimentos estrangeiros e impulsionado o número de concessões e leilões no setor de infraestrutura. “Nós nunca tivemos tantos leilões na B3 de rodovias e de infraestrutura, de uma maneira geral, como nós tivemos nesses três anos. O Ministério dos Transportes vai duplicar a média dos quatro anos anteriores em termos de oferta de negócio no Brasil”, afirmou.
Ele também mencionou a importância da reforma sobre a renda, em tramitação no Congresso, como ferramenta para reduzir a desigualdade e estimular o crescimento. “A desigualdade no Brasil é um impedimento para o crescimento. Não existe crescimento com esse nível de desigualdade. Mas nós estamos corrigindo isso.”
(Com informações da Agência Brasil)
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