O governo federal busca alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para evitar a necessidade de cortar cerca de R$ 26 bilhões do orçamento, o que, segundo especialistas, evidencia um cenário fiscal cada vez mais frágil. A medida ocorre em meio à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de liberar a banda inferior da meta fiscal de 2025, ampliando o espaço para novos gastos.
Em entrevista à BM&C News, o professor e economista Carlos Honorato afirmou que o atual momento reflete uma postura expansionista do governo, semelhante à observada em períodos pré-eleitorais anteriores. “Trabalhamos com um cenário muito parecido com o de 2014, antes da reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff. Há uma expansão de gasto público e estímulo ao consumo”, observou Honorato.
Expansão fiscal e risco de desequilíbrio
Para o economista, embora exista um certo grau de responsabilidade ao tentar conter a inflação, o equilíbrio da política econômica permanece instável. “O governo entende que, se a inflação sair do controle, perde o apoio popular. Mas a linha é muito tênue. Qualquer erro de cálculo pode gerar uma crise de confiança”, alertou.
Honorato ressaltou que o ajuste fiscal não deve vir de forma preventiva. “Não acredito que o governo vá se antecipar. O ajuste virá pela própria dinâmica da economia, caso haja aumento do desemprego, desaceleração do crescimento ou nova pressão inflacionária”, avaliou.
Risco fiscal segue elevado
O professor destacou que o relaxamento da LDO e a postura permissiva do TCU podem prolongar o desequilíbrio das contas públicas. “O país deve continuar na mesma trajetória de expansão, sem reformas estruturais ou um compromisso real com o equilíbrio fiscal”, afirmou. Segundo ele, a tentativa de evitar cortes imediatos pode gerar efeitos mais graves no médio prazo, especialmente se a credibilidade fiscal for abalada.
Com as novas manobras orçamentárias em debate, o governo tenta adiar ajustes e preservar o espaço político até 2026 — ano anterior às próximas eleições presidenciais. No entanto, para Honorato, a economia brasileira “segue andando na borda”: qualquer movimento em falso pode desencadear uma nova crise de confiança.