O boletim Focus desta semana, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (13), revisou expectativa da inflação para 4,72% em 2025, descendo gradualmente até 3,68% em 2028. Para a taxa Selic, a projeção ficou em 15% para 2025, também com projeção de queda para os próximos anos. Essa tendência de redução nos juros deve estimular a atividade econômica, incentivando tanto consumo quanto investimento. O câmbio, no entanto, apresenta uma leve depreciação do real frente ao dólar, indo de R$ 5,45 para R$ 5,56 até 2028, refletindo uma percepção de risco moderado em relação à economia brasileira.
Indicador | 2025 | 2026 | 2027 | Tendência |
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IPCA (Inflação %) | 4,72 | 4,28 | 3,90 | Leve desaceleração |
PIB Total (% a.a.) | 2,16 | 1,80 | 1,83 | Estabilidade |
Câmbio (R$/US$) | 5,45 | 5,50 | 5,51 | Ligeira desvalorização do real |
Selic (% a.a.) | 15,00 | 12,25 | 10,50 | Expectativa de cortes graduais |
IPCA como destaque do Focus
Para o economista Maykon Douglas, “é uma reação importante do mercado ao IPCA divulgado na semana passada“. Para ele, o IPCA de setembro, de fato foi melhor do que o esperado, mesmo com parte dessa surpresa nos preços subjacentes sendo explicada por fatores temporários. “Continuo enxergando pouco espaço para uma rápida convergência do núcleo de serviços à meta, pois o mercado de trabalho permanece apertado e a moderação esperada no emprego nos próximos meses tende a ser leve“, destacou.
O economista destaca ainda que a inflação de serviços mais sensível à ociosidade continua acelerando, em cerca de 6,6% na média móvel anualizada e dessazonalizada dos últimos três meses, de acordo com as projeções dele. “Ou seja, com o hiato do produto ainda positivo e recentemente revisado para cima pelo BC, alguns itens seguem pressionados. Por fim, essa queda nas expectativas longas de inflação foi apenas incipiente até o momento”, afirmou. Para ele, esse são fatores que justificam uma postura dura do Copom. “Acredito que o Banco Central não deveria cortar a taxa Selic neste ano, como tenho defendido“, finalizou.
Quais são as perspectivas para o PIB e as contas externas?
As previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) indicam um crescimento econômico estável. Em 2025, espera-se um crescimento de 2,16%, seguido por ajustes ligeiros nos anos subsequentes. A estabilidade nessa métrica sugere uma economia que se mantém em recuperação, embora sem revisões significativas que apontem para um crescimento mais acelerado. Essa constância implica também em expectativas controladas em termos de investimentos e geração de empregos.
Em termos de contas externas, a balança comercial deve registrar um superávit de US$ 62 bilhões, mesmo que revisado para baixo. Já a conta corrente apresentará um déficit mais elevado, de US$ 69 bilhões, mostrando uma dependência ainda elevada de capitais externos para equilibrar as transações. Em contrapartida, o investimento direto no país permanece sólido, em US$ 70 bilhões, sinalizando ainda atratividade do mercado brasileiro para investidores estrangeiros.
Como os dados fiscais impactam a economia?
O cenário das contas públicas é desafiador, com projeções indicando um déficit primário negativo de 0,5% do PIB e um resultado nominal negativo em 8,5% do PIB. Esses números refletem a dificuldade em ajustar as contas do governo, potencialmente afetando a confiança dos investidores e as classificações de crédito do país. No entanto, o controle da dívida líquida do setor público, estimada em 65,76% do PIB, sugere certa eficiência em contenção dos gastos.