O Federal Reserve (Fed) continua sua trajetória de cortes graduais na taxa de juros, mas a incerteza sobre a condução da política monetária nos Estados Unidos preocupa o mercado.
Em participação recente no BM&C News, Fábio Fares, especialista em análise macro, destacou os desafios de comunicação enfrentados pelo Fed, que precisa equilibrar o combate à inflação com a manutenção de um mercado de trabalho forte.
Segundo Fares, o recente aumento no índice de preços ao consumidor (CPI), embora esperado, não é motivo de grande preocupação. “A inflação deu uma leve alta, mas o núcleo do CPI veio em 0,3%, e o principal indicador de inflação habitacional, o Owner’s Equivalent Rent, caiu, o que é positivo”, afirmou. Ele também ressaltou que fatores sazonais, como o aumento no preço de carros usados e passagens de transporte, não devem pressionar a inflação no longo prazo.
A preocupação do mercado, no entanto, se voltou para o aumento dos pedidos de seguro-desemprego, reflexo de eventos como a greve dos portuários. “O mercado está reagindo mais a esses dados, questionando se já estamos vendo os efeitos de choques temporários, como o furacão e a greve”, explicou Fares.
O Fed cortou as taxas em 0,50 pontos percentuais na última reunião, mas o especialista destacou que houve divergências internas entre os dirigentes sobre a magnitude do corte. “Alguns membros precisaram ser convencidos a iniciar os cortes com essa intensidade, mas a mensagem era clara: o Fed precisava corrigir a percepção de estar atrasado”, comentou Fares.
Ainda assim, a comunicação do Fed segue sendo um ponto frágil, segundo o especialista. “A volatilidade causada pelas declarações do Fed precisa ser resolvida. O mercado fica dividido entre dados econômicos fortes e fracos, o que gera uma leitura confusa sobre os próximos passos da política monetária”, disse.
Para os próximos meses, Fares acredita que o Fed continuará a reduzir as taxas de juros de forma cautelosa, com mais dois cortes de 0,25 pontos previstos para novembro e dezembro. No entanto, ele enfatizou que o Fed está monitorando de perto os dados econômicos e as condições políticas, especialmente com as eleições presidenciais se aproximando.
















