O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), do Federal Reserve vai decidir nesta quarta-feira (29), o rumo da política monetária dos Estados Unidos em um momento de elevada atenção global. A reunião ocorre em meio a um cenário de incertezas fiscais, marcado pelo risco de shutdown do governo americano. Investidores aguardam o comunicado do Fed e as falas do presidente Jerome Powell, que como de costume, ocorre logo após a divulgação dos juros.
De acordo com a economista Andressa Durão, do ASA, é amplamente esperado que o Federal Reserve reduza os juros em 25 pontos-base, mantendo o tom de cautela em relação aos próximos passos da política monetária. A decisão deve deve reforçar o movimento gradual de afrouxamento monetário iniciado em setembro. “O Fed deve justificar que os riscos permanecem equilibrados e quem o Comitê segue avançando em direção ao nível neutro de juros.”, afirma Durão.
Como o indicado de Trump ao Fed deve votar?
Apesar do consenso em torno de um corte moderado, parte do mercado ainda avalia a possibilidade de uma nova dissidência dentro do comitê, liderada por Stephen Miran, que de acordo com a especialista, deve voltar a defender uma redução mais agressiva, de 50 pontos-base. Para Andressa Durão, o contexto fiscal conturbado e o impacto do shutdown, que interrompeu a divulgação de dados importantes, tendem a reforçar a postura conservadora do Fed. “Com informações limitadas, o comitê deve preferir manter a previsibilidade, evitando decisões que possam ser interpretadas como sinais de mudança de direção”, explica.
A economista ressalta ainda que o foco dos investidores não estará apenas na decisão sobre os juros, mas também em possíveis comentários sobre o fim do programa de redução do balanço patrimonial do Fed, conhecido como quantitative tightening (QT). Segundo ela, esse debate ganhou relevância após declarações recentes de Jerome Powell indicando que as reservas bancárias estão próximas do nível desejado.
Powell deve sinalizar corte de juros em dezembro?
Na avaliação da ASA, o cenário atual mostra sinais de moderação dos riscos baixistas, o que reduz a probabilidade de um terceiro corte ainda em dezembro. “O Fed tende a adotar uma comunicação mais neutra, reforçando que as próximas decisões dependerão dos dados e da trajetória da economia real. O ambiente de shutdown e a volatilidade fiscal adicionam ruído, e Powell deve buscar transmitir calma ao mercado, evitando compromissos antecipados”, conclui Andressa Durão.
Por fim, a economista avalia que Powell deve evitar se comprometer com os próximos passos, especialmente diante das incertezas em torno dos dados econômicos. “Em nossa avaliação, os riscos baixistas diminuíram, o que coloca em dúvida as chances de um terceiro corte de juros em dezembro.”