No programa BM&C News desta quinta-feira (23), o economista VanDyck Silveira criticou a postura do Tribunal de Contas da União (TCU) ao permitir que o governo federal flexibilizasse a meta fiscal sem um anúncio público adequado. Segundo VanDyck, essa mudança transforma a meta fiscal, que deveria ser o pilar do planejamento orçamentário, em uma mera banda inferior do desvio padrão, configurando, em sua visão, um verdadeiro “golpe na meta fiscal“.
Essa flexibilização tem implicações diretas na saúde econômica do Brasil. VanDyck alerta que o descumprimento das metas fiscais está diretamente ligado ao aumento da dívida pública, que já é estimada em 80% do PIB para este ano, podendo atingir 91% até 2029, de acordo com projeções do FMI. Esse cenário de endividamento crescente gera preocupações sobre a sustentabilidade fiscal do país.
Qual é a relação entre fiscal ‘desregulado’ e juros altos?
Além da meta fiscal, o economista destaca que os gastos extras do governo, como os R$ 30 bilhões destinados às Forças Armadas fora do arcabouço fiscal, adicionam uma pressão adicional nas contas públicas. “Esses gastos aumentam a necessidade de manter taxas de juros elevadas, como a SELIC, que pode chegar a 15%“, enfatiza VanDyck. Esse contexto de juros altos pode desestimular investimentos e desacelerar o crescimento econômico.
VanDyck argumenta que essa situação exige um acompanhamento rigoroso por parte dos investidores, que precisam estar cientes de que a flexibilidade orçamentária pode levar a um cenário de maior incerteza e volatilidade no mercado. “A atuação do TCU, negociada atrás de portas fechadas, compromete a transparência e enfraquece a credibilidade da instituição“, afirma o especialista.
O que esperar do cenário macroeconômico?
Na visão de VanDyck, a atual situação fiscal do Brasil exige uma reflexão profunda sobre a estratégia de investimentos. O aumento da dívida pública e a necessidade de juros altos criam um ambiente econômico desafiador que pode impactar a atratividade do Brasil para investidores estrangeiros. “Os investidores devem estar preparados para um cenário de alta volatilidade e falta de clareza nas políticas econômicas”, alerta VanDyck.
Por outro lado, o economista sugere que os investidores podem encontrar oportunidades em setores que se beneficiam de um ambiente de juros altos, como o setor financeiro, mas enfatiza a importância de uma análise criteriosa. Os investidores precisam adotar uma abordagem cautelosa diante das mudanças nas metas fiscais e seus impactos na economia.
Algumas estratégias que podem ser consideradas incluem:
- Avaliar a exposição a ativos sensíveis a juros;
- Considerar a diversificação de portfólios para mitigar riscos;
- Monitorar continuamente as decisões do TCU e do governo sobre a política fiscal.
Em suma, a flexibilização da meta fiscal e os gastos públicos adicionais indicam um quadro fiscal que exige atenção redobrada por parte dos investidores. A falta de transparência nas decisões do TCU pode levar a uma perda de confiança, impactando a percepção de risco sobre os ativos brasileiros.