O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central trouxe ajustes pontuais nas projeções de inflação e câmbio, mantendo praticamente inalteradas as expectativas para crescimento econômico e taxa básica de juros. O relatório chega na última semana de 2025 em um contexto de liquidez reduzida nos mercados, mas com eventos relevantes no radar internacional e doméstico.
As estimativas reforçam a percepção de que o processo de desinflação segue em curso, ainda que de forma lenta, enquanto o debate sobre cortes de juros permanece condicionado ao comportamento do mercado de trabalho e ao risco fiscal.
As projeções para o IPCA apresentaram leve melhora nas expectativas de curto e médio prazo:
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IPCA 2025: de 4,33% para 4,32%
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IPCA 2026: de 4,06% para 4,05%
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IPCA 2027: mantida em 3,80%
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IPCA 2028: mantida em 3,50%
O movimento reforça a leitura de que o mercado enxerga inflação gradualmente convergindo, mas ainda acima da meta nos próximos dois anos, o que limita uma flexibilização mais agressiva da política monetária.
No campo da atividade econômica, o Focus manteve o tom de cautela, com crescimento moderado e poucas revisões:
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PIB 2025: 2,26% (estável)
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PIB 2026: 1,80% (estável)
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PIB 2027: de 1,81% para 1,80%
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PIB 2028: 2,00% (estável)
As projeções indicam uma economia que desacelera após 2025, sem sinais claros de retomada mais forte no horizonte.
Câmbio e juros: real pressionado e Selic estável
No câmbio, o mercado segue projetando um real mais fraco no médio e longo prazo:
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Dólar 2025: de R$ 5,43 para R$ 5,44
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Dólar 2026: R$ 5,50
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Dólar 2027: R$ 5,50
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Dólar 2028: de R$ 5,51 para R$ 5,52
Já para a Selic, nenhuma alteração relevante:
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Selic 2026: 12,25%
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Selic 2027: 10,50%
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Selic 2028: 9,75%
Para Marco Saravalle, mestre em Finanças e estrategista-chefe da MSX, o cenário de fim de ano combina baixa liquidez com fatores de risco relevantes, o que tende a amplificar movimentos pontuais de mercado.
Saravalle destaca que as negociações entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky sobre um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia seguem influenciando os preços do petróleo. “Apesar de um discurso mais conciliador, ainda não há consenso, o que mantém prêmio de risco nas commodities energéticas”, afirma.
Com a B3 fechada na quarta-feira e as bolsas americanas operando normalmente, qualquer dado macroeconômico pode gerar impacto maior do que o usual, em função da menor liquidez.
Estados Unidos: Fed sinaliza prudência
Nos EUA, o foco da semana recai sobre a ata do Federal Reserve, além de dados de emprego e atividade. Segundo Saravalle, o consenso aponta para pausa nos juros em janeiro e cortes limitados apenas em 2026. “O Fed deve reforçar um discurso de cautela. Para ativos de risco, isso significa menos euforia, mas também menor risco de choque negativo no curto prazo”, avalia.
Brasil: emprego e fiscal travam cortes na Selic
No ambiente doméstico, o estrategista ressalta que o mercado de trabalho segue sendo o principal entrave para uma flexibilização mais rápida da política monetária. A Pnad Contínua deve manter o desemprego em torno de 5,4%, enquanto o Caged já aponta desaceleração na criação de vagas formais. “Apesar dos sinais de arrefecimento da atividade, o nível ainda elevado de emprego impede um alívio mais rápido da Selic, reduzindo as chances de corte já em janeiro pelo Copom”, conclui Saravalle.
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