A partir desta segunda-feira (1) a bandeira tarifária amarela passa a valer nas contas de luz de todo o país, segundo informou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A mudança reduz o custo adicional cobrado dos consumidores, após dois meses consecutivos com a bandeira vermelha patamar 1.
Com a alteração, haverá cobrança extra de R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos, valor menor que o aplicado em novembro, quando o adicional era de R$ 4,46 por 100 kWh.
Por que a bandeira amarela entrou em vigor?
A Aneel afirma que o início do período chuvoso elevou a expectativa de chuvas para dezembro, criando condições um pouco mais favoráveis para a geração de energia. Ainda assim, o volume previsto permanece abaixo da média histórica para o mês, o que mantém a necessidade de acionamento de termelétricas, mais caras para o sistema.
Em outubro e novembro, a agência havia mantido a bandeira vermelha patamar 1 devido ao custo elevado de geração.
Segundo a Aneel, esta é a primeira vez desde 2019 que a bandeira amarela é adotada especificamente no mês de dezembro.
Entenda os custos de cada bandeira
O sistema de bandeira tarifária funciona como um sinal ao consumidor sobre as condições de geração de energia no país. Quanto mais cara a geração, normalmente por menor volume de chuvas e maior uso de termelétricas, maior o adicional na conta.
Veja os valores por categoria:
- Bandeira verde – sem cobrança adicional
- Bandeira amarela – R$ 18,85 por MWh (ou R$ 1,88 a cada 100 kWh)
- Vermelha patamar 1 – R$ 44,63 por MWh (ou R$ 4,46 por 100 kWh)
- Vermelha patamar 2 – R$ 78,77 por MWh (ou R$ 7,87 por 100 kWh)
Embora o alívio tarifário comece a valer hoje, a Aneel reforça que a geração térmica continua essencial para atender à demanda nacional de energia. A recuperação mais intensa dos reservatórios dependerá da regularidade das chuvas ao longo do período úmido.
Além da bandeira amarela: análise da inflação
A Warren Investimentos projeta que a inflação termine 2025 em 4,2%, abaixo do teto da meta estabelecida pelo Banco Central e inferior às estimativas de boa parte do mercado. Segundo Andréa Angelo, estrategista de inflação da casa, o principal fator por trás dessa desaceleração é o comportamento dos alimentos, que vieram “muito mais fracos do que o esperado” ao longo do ano, com previsão de fechar abaixo de 3%. Carnes, alimentos in natura e cereais registraram sucessivas leituras de deflação e contribuíram para manter o índice sob controle.
A estrategista também destaca a influência benigna dos bens industriais, o repasse mais rápido do câmbio e os dois reajustes negativos da Petrobrás nos combustíveis, que aliviaram o grupo de Transportes. Além disso, a coleta de preços da Warren para a Black Friday capturou valores abaixo dos registrados em anos anteriores, o que tende a postergar parte da recomposição de preços para 2026.
Com esse cenário, a Warren espera que o Ciclo de Afrouxamento Monetário tenha início já em janeiro, com corte de 25 pontos-base na taxa Selic. Angelo afirma que a combinação de expectativas de inflação mais baixas, composição favorável dos componentes do índice e indicadores de atividade econômica vem reforçando o espaço para a redução dos juros, apesar da resistência ainda observada nos serviços subjacentes intensivos em trabalho.
Em relação ao curto prazo, a Warren projeta alta de 0,31% no IPCA de dezembro, movimento considerado majoritariamente sazonal devido à pressão típica das festas de fim de ano sobre carnes e outros itens da alimentação. A expectativa é de aceleração de 0,85% no grupo de Alimentação e Bebidas, com a alimentação no domicílio avançando 0,91%. Mesmo com essa alta, a inflação de dezembro deve ficar abaixo da média histórica dos últimos dez anos (0,51%), sem riscos ao cumprimento da meta cheia em 12 meses.
Angelo observa, porém, que a energia elétrica permanece como principal fonte de incerteza no fechamento do ano. O cenário-base da Warren considera a adoção da bandeira amarela pela Aneel; caso a bandeira vermelha fosse mantida, haveria impacto altista adicional.
Olhando para 2026, a casa aponta um balanço de riscos mais pressionado. Os principais vetores de alta previstos estão nos alimentos: recomposição de preços de carnes — que devem subir cerca de 10%, após um 2025 mais benigno, recuperação de leites e derivados (+9%) e avanço das frutas, projetadas em torno de 12%. Fora da alimentação, a Warren monitora uma possível desvalorização do câmbio, que poderia adicionar até 30 bps à inflação, além do efeito de políticas de estímulo à atividade e renda (IR, FGTS, consignado), cujo impacto é estimado em mais 40 bps.
Para a estrategista, a conclusão é clara: 2025 deve ser mais benigno que 2026, que tende a apresentar maior pressão inflacionária estrutural.














