O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, anunciou medidas emergenciais para reforçar a segurança do Sistema Financeiro Nacional (SFN), após ataques recentes atribuídos ao crime organizado contra algumas instituições. As ações, segundo ele, não miram o mercado, mas têm como objetivo proteger a solidez do setor. “Isso exige do Banco Central que tome algumas medidas excepcionais, antecipando ações que já estavam programadas”, afirmou.
Galípolo destacou que os ataques não afetaram clientes ou cidadãos, mas atingiram recursos de instituições específicas. Ainda assim, ressaltou que no sistema financeiro não há espaço para tolerância com riscos de segurança. “É esperado que o crime organizado se adapte. De assaltar carteiras e roubar senhas, passou a tentar invadir infraestruturas críticas, físicas ou virtuais”, disse.
Instituições são vítimas, não vilãs
Ao rebater associações feitas entre o setor financeiro e práticas ilícitas, o presidente do BC foi categórico: “Quero deixar claro que em qualquer uma dessas expressões, Faria Lima ou fintech, são as vítimas do crime organizado”. Ele ressaltou que tanto os bancos tradicionais quanto os novos entrantes contribuíram para a inclusão e modernização do sistema, e que “quem é sério quer efetivamente repelir qualquer tipo de presença do crime organizado”.
Segundo Galípolo, a narrativa deve ser ajustada para não criminalizar o mercado. “Essas medidas são contra o crime organizado, não contra qualquer tipo de instituição ou segmento”, reforçou.
Medidas imediatas e novos controles
Entre as ações, o Banco Central determinou que instituições de pagamento não autorizadas e aquelas que operam por meio de prestadores terceirizados de tecnologia (PSTIs) passem a ter limite de R$ 15 mil por operação via Pix ou TED. A lógica é reduzir o espaço para grandes fraudes e facilitar a detecção de movimentações suspeitas. “O que assistimos é que boa parte dessas tentativas de fraude buscavam volumes altos. Ao restringir, forçamos a fragmentação e aumentamos a chance de bloqueio rápido”, explicou.
Além disso, o BC vai exigir credenciamento formal dos PSTIs, com regras de governança, gestão de risco e capital mínimo de R$ 15 milhões. Já o prazo para regularização das instituições de pagamento foi antecipado de 2029 para maio de 2026, impondo uma “barra mais alta” para autorização de funcionamento.
Apesar da gravidade do cenário, Galípolo reiterou a robustez do sistema financeiro brasileiro. “Jamais há risco ao sistema. Ele é absolutamente ígido, seguro e solvente, com reservas de liquidez abundantes”, afirmou. Ele também destacou a cooperação com a Polícia Federal, Ministério Público e entidades do setor como essencial para enfrentar os ataques.
Com as novas medidas, o Banco Central sinaliza que a defesa do mercado financeiro é prioridade. Combater o crime organizado sem comprometer a credibilidade de instituições que atuam dentro da lei e são pilares da economia brasileira.
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