Na Indonésia, a produção de um alimento básico esconde um segredo tóxico: o tofu contaminado é o resultado de fábricas que queimam lixo plástico importado ilegalmente como combustível, criando uma catástrofe silenciosa para a saúde e o meio ambiente.
Como o tofu contaminado chega à mesa dos indonésios?
Na aldeia de Troporo, o som das fornalhas de tofu é constante, mas o combustível não é madeira, e sim lixo plástico. Os produtores usam resíduos plásticos porque são drasticamente mais baratos, custando apenas 9 dólares por um caminhão que alimenta a produção por um dia inteiro.

Essa prática expõe todo o processo de fabricação a toxinas. A fumaça tóxica impregna o ar e microplásticos são encontrados em todas as superfícies onde o tofu é processado. O resultado é um alimento básico, fonte de proteína para milhões, que nasce contaminado em sua origem.
Quais são os impactos devastadores para a saúde e o meio ambiente?
A queima de plástico libera uma fumaça que torna o ar no local 10 vezes mais poluído que o limite seguro da OMS. Os trabalhadores sofrem com doenças de pele e respiratórias, enquanto os consumidores ingerem microplásticos que afetam os sistemas hormonal e digestivo.
O impacto ambiental é ainda mais alarmante. Uma pesquisa encontrou ovos de galinhas locais com níveis de dioxina 70 vezes acima do limite de segurança, um nível de contaminação comparável apenas a áreas do Vietnã atingidas pelo Agente Laranja. A segurança alimentar, um pilar da saúde pública fiscalizado no Brasil pela Anvisa, é completamente ignorada.
Principais riscos à saúde:
Inalação de vapores tóxicos.
Ingestão de microplásticos e dioxinas.
Desenvolvimento de doenças de pele e respiratórias.
Qual o papel dos países ocidentais nesta crise?
Grande parte do lixo queimado é importado ilegalmente de países desenvolvidos como EUA, Europa e Austrália. Após a China banir a importação de resíduos em 2018, a Indonésia se tornou um dos novos destinos para o lixo ocidental, muitas vezes contrabandeado em cargas de papel.
Nesta reportagem impactante, o Business Insider explora o lado sombrio da cadeia de suprimentos de um alimento milenar. O vídeo detalha como o uso de lixo plástico como combustível em fábricas na Indonésia está contaminando o tofu e colocando em risco a saúde de comunidades inteiras:
Apesar de a Indonésia ter leis que proíbem a importação de plástico e a queima a céu aberto, a fiscalização é falha e a corrupção permite que o ciclo continue. A gestão de resíduos, um desafio global monitorado no Brasil por órgãos como o Ibama, mostra como a responsabilidade precisa ser compartilhada entre quem produz e quem recebe o lixo.
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Por que a população continua consumindo um produto de risco?
A resposta está na pobreza e na dependência alimentar. O tofu é a principal fonte de proteína para a população de baixa renda na Indonésia, mais consumido que carne ou frango. Para muitos, não há alternativa acessível.
Mesmo com a ciência provando os riscos, as vendas não caíram. Os trabalhadores das fábricas, ganhando de 2 a 12 dólares por dia, também não têm escolha. É um ciclo vicioso onde a necessidade de sobreviver hoje se sobrepõe ao risco de adoecer amanhã.
| Realidade do Consumidor | Risco Conhecido |
| Tofu é a fonte de proteína mais barata. | O produto contém microplásticos e toxinas. |
| É um alimento cultural e de fácil acesso. | A produção polui o ar e contamina o solo. |
| Não há alternativas economicamente viáveis. | O consumo está associado a graves problemas de saúde. |